| Mês: fevereiro de 2025

Ajuste nos valores atende diretrizes nacionais e visa fortalecer a gestão hídrica dos municípios

12 de fevereiro de 2025

A 102ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Uso e Conservação da Água na Indústria, realizada em 12 de fevereiro de 2025, por videoconferência, discutiu a revisão dos valores das cobranças pelo uso da água nas Bacias PCJ. Durante o encontro, o diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, Sergio Razera, e o diretor administrativo e financeiro, Ivens de Oliveira, apresentaram detalhes do processo de revisão, que será concluído em 25 de fevereiro.

Razera iniciou sua apresentação com um histórico sobre o trabalho da Agência e a situação dos recursos hídricos nas Bacias PCJ. Desde a implantação da cobrança nos rios federais (2006), paulistas (2007) e mineiros (2010), já foram arrecadados mais de R$ 557 milhões. Ele destacou a importância da integração dos instrumentos federais – incluindo os Planos de Recursos Hídricos (PRH), o Plano de Aplicação Plurianual (PAP), o Plano de Execução Orçamentária Anual (POA) e o Plano Anual de Contratações (PAC) – para a boa gestão dos recursos financeiros.

“É um dinheiro que está a serviço dos Comitês de Bacias. Por isso, falamos sobre esse assunto com tranquilidade, pois sabemos que todo o valor arrecadado será investido em ações de saneamento, monitoramento e outras iniciativas em benefício dos municípios”, ressaltou.

O diretor-presidente também apresentou os empreendimentos financiados com recursos provenientes das cobranças PCJ e da Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH), entre 1994 e 2022, que somaram mais de R$ 855 milhões, distribuídos em 891 projetos. Entre os casos de sucesso, citou a construção da Estação de Tratamento e Interceptores de Esgotos de Rafard e a futura instalação de estações de monitoramento hidrológico para medir a qualidade da água após um episódio de mortandade de peixes em Piracicaba – ambos 100% financiados com recursos das cobranças PCJ. Além disso, mencionou os trabalhos de proteção de nascentes e mananciais realizados com recursos de parceiros, como a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).

“Sem bons projetos, não conseguimos recursos. E é isso que estamos fazendo há muitos anos: estruturando e providenciando bons projetos para os municípios”, afirmou Razera.

Principais temas da revisão da cobrança

Razera explicou os principais pontos em discussão no processo de revisão da cobrança:

  • Proposta de reajuste anual dos valores da cobrança pelo uso dos recursos hídricos no Estado de São Paulo, garantindo isonomia entre as legislações;
  • Inclusão de ações de retrofit das Estações de Tratamento de Água (ETAs) e expansão do sistema de abastecimento na revisão do Plano de Bacia;
  • Autorização para que as Agências de Bacias operacionalizem 100% dos recursos arrecadados com a cobrança estadual paulista, permitindo contratações diretas, como já ocorre com a cobrança em rios de domínio da União;
  • Implementação de financiamento reembolsável com recursos da cobrança federal, possibilitando o repasse de recursos para o setor industrial (modelo já permitido na cobrança estadual);
  • Simplificação e racionalização dos procedimentos operacionais do Fehidro, tornando a captação de recursos pelas indústrias mais atrativa;
  • Parcerias para viabilizar ações de proteção dos mananciais e inserção no Mercado de Carbono.

Segundo Razera, a revisão da cobrança ocorre neste momento devido à necessidade de adequação ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), que, em 2018, determinou que as agências refizessem os cálculos dos valores e aplicassem os reajustes.

“As outras quatro bacias já se adequaram. Agora, após a revisão do nosso Plano de Bacias, estamos preparados para aplicar o reajuste, que ocorrerá de forma gradativa: 30% para a cobrança federal e 90% progressivamente para a cobrança paulista”, explicou.

Relatório de fundamentação

O diretor administrativo e financeiro, Ivens de Oliveira, apresentou o relatório de fundamentação para a revisão, que inclui a atualização do número de usuários pagantes, sendo aproximadamente 130 na cobrança federal, majoritariamente indústrias, e cerca de 2,4 mil na cobrança paulista, compostos principalmente por estabelecimentos urbanos privados, como hotéis, hospitais, shoppings, indústrias e serviços de abastecimento público. Além disso, destacou que entre 75% e 80% do montante arrecadado atualmente provém do setor de saneamento.

O relatório também traz um histórico da arrecadação e aplicação dos recursos da cobrança entre 2013 e 2023, totalizando R$ 404.464.716,00, sendo R$ 194.527.219,00 na cobrança federal e R$ 209.937.497,00 na cobrança paulista. Além disso, detalha a proposta de progressividade do reajuste para equilibrar as cobranças em rios federais e estaduais, alterações nos mecanismos de arrecadação e projeções de arrecadação futura. Também foram feitas recomendações, como a atualização das normas de cobrança, a viabilização do financiamento reembolsável e o aprimoramento dos procedimentos de cobrança para facilitar o acesso aos recursos.

A reunião foi conduzida pelo coordenador da CT-Indústria, Jorge Antonio Mercanti, e pelo coordenador-adjunto, Vlamir Mitsuo Kanashiro, que parabenizaram as apresentações.

“A explicação facilitou a compreensão do mecanismo e dos motivos do reajuste. Estou muito satisfeito com a transparência do processo”, destacou Mercanti.

A 103ª Reunião Ordinária da CT-Indústria está prevista para ocorrer em 9 de abril de 2025, às 9h, por videoconferência.

Apresentação de Mauro de Souza Teixeira destaca impactos de acidentes rodoviários sobre os mananciais

5 de fevereiro de 2025

A atuação do setor de atendimento a emergências da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), com sua estrutura e protocolos de comunicação, foi um dos assuntos tratados na 263ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico, realizada no dia 5 de fevereiro, por videoconferência. Durante o encontro, os membros da CT-MH também discutiram sobre as fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias e aprovaram a proposta de instalação de quatro novas estações automáticas de monitoramento da qualidade de água.

A palestra “Emergências Químicas”, ministrada por Mauro de Souza Teixeira, gerente do Setor de Atendimento a Emergências da Cetesb, teve como foco os impactos de acidentes rodoviários e ferroviários sobre os mananciais. Teixeira explicou o protocolo de comunicação adotado em casos de acidente, as ações tomadas em cada situação, e os projetos futuros do setor, criado em 1978. “Precisamos dar mais transparência e divulgação nesse processo”, destacou.

O setor tem por finalidade intervir em situações emergenciais que representem riscos à população, ao meio ambiente e ao patrimônio, causadas por acidentes envolvendo produtos químicos. Nessas ocorrências, a Cetesb exige dos responsáveis a adoção de medidas adequadas para contenção e mitigação dos impactos ambientais, realiza avaliações preliminares da contaminação do ar, da água e do solo e define as ações para a recuperação das áreas atingidas.

Teixeira informou que a Cetesb conta com um Centro de Controle que opera 24 horas por dia, recebendo chamados sobre fontes de poluição e emergências químicas. Entre 1978 e 2024, mais de 13 mil ocorrências foram registradas, sendo a maioria relacionada ao transporte rodoviário (6.245 ocorrências, ou  47% do total). A Bacia do Alto Tietê lidera o número de atendimentos (5.752), seguida pelas Bacias PCJ (1.416) e pela Baixada Santista (1.266).

Por meio do Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), a Cetesb promoveu, entre 2023 e 2024, o curso de “Emergências Químicas – Prevenção e Minimização de Contaminação de Recursos Hídricos agravadas por Mudanças Climáticas” para 500 pessoas de 36 municípios da Bacia do Alto Tietê. O objetivo, segundo Teixeira, é expandir essa capacitação para outras bacias hidrográficas.

CHUVAS

No início da reunião, o coordenador da CT-MH, Alexandre Vilella, manifestou solidariedade aos municípios afetados pelas chuvas registradas na segunda quinzena de janeiro e início de fevereiro. “Estamos acostumados a lidar com a estiagem, com a falta de água, agora estamos vivendo o outro extremo, do excesso de chuva, principalmente da última semana. Nossa solidariedade a todos os municípios que estão sofrendo bastante, com muitas famílias desalojadas”, comentou, citando alguns municípios como Monte Mor, Rafard, Capivari e Santa Bárbara d’Oeste.  

Na apresentação sobre a situação dos mananciais, Sistema Cantareira e condições hidrometeorológicas, Vilella destacou que as vazões dos rios estão acima do que as Bacias PCJ costumam registrar. Em 4 de fevereiro, o Sistema Cantareira operava com 54,7% da sua capacidade (estado de atenção), enquanto no mesmo período do ano passado, estava em 74% e, em 2023, 81,9%.

No item “Ocorrências de Janeiro”, Ivan Canale, do Semae/Piracicaba, relatou que a alta vazão do Rio Piracicaba resultou no acúmulo de areia e detritos, dificultando a captação de água. “A sujeira tem comprometido as grades e o funcionamento das bombas”, explicou.

Na apresentação da Sala de Situação PCJ, Rafael Leite apontou que “apesar dos eventos significativos de chuva principalmente a partir da segunda quinzena de janeiro, muitos postos ficaram abaixo da média histórica”.  Das 36 estações, apenas oito registraram chuva acima da média. Os maiores acumulados ficaram concentrados a partir da formação do Rio Piracicaba. Em Santa Bárbara, onde o Ribeirão dos Toledos extravasou, foram 225 milímetros acumulados em janeiro e 160 mm nos primeiros dias de fevereiro. Na Bacia do Rio Capivari, foram relatadas ocorrências em Capivari, Monte Mor e Rafard.

Já sobre a previsão meteorológica, o coordenador do GT-Previsão, Jorge Mercanti, informou que há possibilidade de chuvas leves nos dias 9 e 12 de fevereiro, mas sem previsão de eventos extremos até o dia 19.

NOVAS ESTAÇÕES DE MONITORAMENTO

Durante a reunião, os membros da CT-MH aprovaram a proposta de instalação de quatro novas estações automáticas de monitoramento da qualidade da água nas Bacias PCJ. A proposta, apresentada pelo GT-Qualidade, coordenado por Lilian Peres (Cetesb), será analisada previamente pela Agência das Bacias PCJ e, posteriormente, encaminhada para a Câmara Técnica de Planejamento e para a Plenária dos Comitês PCJ, cujas reuniões estão previstas para março.

As novas estações previstas são:

  • EF37 – Rio Atibaia (Acima Paulínia)
  • EF38 – Rio Jaguari (Captação Limeira)
  • EF39 – Rio Piracicaba (Parque Aimaratá)
  • EF30 – Rio Piracicaba (Bairro Monte Alegre)

Os recursos para a implantação desses equipamentos virão da Cobrança PCJ Paulista (Fehidro).

Atualmente, há cinco estações automáticas em operação:

  • Rio Atibaia (EF31 – Atibaia)
  • Rio Jaguari (EF32 – Bragança Paulista)
  • Rio Jundiaí (EF33 – Itupeva)
  • Rio Piracicaba (EF06 – Ártemis)
  • Rio Piracicaba (EF30 – Monte Alegre – provisória)

A próxima reunião da CT-MH (264ª Ordinária) será presencial, no dia 12 de março(quarta-feira), no Museu da Água de Piracicaba, a partir das 9h30.

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