| Dia: 1/12/2025

Evento aconteceu em Rio Claro e reuniu especialistas, gestores e sociedade civil para debater inovações na gestão hídrica

1º de dezembro de 2025

A 97ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas (CT-AS), realizada em 1º de dezembro, por videoconferência, teve como principal pauta a apresentação dos resultados do VIII Workshop de Águas Subterrâneas, ocorrido nos dias 13 e 14 de novembro de 2025, com o tema “Inovações na Gestão de Recursos Hídricos Subterrâneos”.

O evento registrou 236 inscritos, sendo que 87% não eram membros da CT-AS, o que demonstra que a comunicação conseguiu alcançar um público mais amplo fora do âmbito da Câmara Técnica.

A coordenadora da CT-AS, Deborah Lunardi, destacou que o workshop promoveu aproximação com os participantes e favoreceu a troca de informações, além de ser um momento importante para o diálogo, o compartilhamento de ideias e o planejamento de futuras ações. Na ocasião, ela também relembrou as palestras realizadas.

No dia 13, a programação contou com as seguintes apresentações:

  • Inteligência Artificial Aplicada ao Estudo e à Gestão das Águas Subterrâneas, de Clyvihk Renna Camacho;
  • Do Dado à Decisão: Aplicando IA e Modelos Numéricos na Gestão dos Recursos Hídricos Subterrâneos, de Márcio Costa Alberto
  • Ferramentas de Gestão e Monitoramento de Recursos Hídricos, de Rafael Chasles 
  • Do Sensor ao Resultado: Como o Monitoramento Hidrogeológico Transforma a Gestão da Água e Cria Novas Oportunidades de Negócio nas Bacias PCJ, de Fernando Mancini Oliveira 
  • Monitoramento do Aquífero Cristalino em Campinas com a Aplicação de Inteligência Artificial, de Ana Elisa Silva de Abreu 

No dia 14, foram apresentadas as seguintes palestras:

  • Evoluções recentes em estudos hidrogeológicos com traçadores naturais, de Edson Wendland
  • Uma visão holística do ciclo hidrológico para apoiar a gestão integrada dos recursos hídricos, de Carolina Stager Quaggio 
  • Sistema de suporte à decisão como solução integrada para crises hídricas em cidades resilientes, de Carlos Tadeu Gamba 

Débora complementou as discussões apresentando uma ferramenta de acesso público para consulta de poços, que permite a visualização, em mapa, de informações como coordenadas, uso, captação e volume extraído de poços autorizados e cadastrados. A plataforma está disponível em: https://cth.daee.sp.gov.br/soe/.

Entre os principais desafios levantados durante o evento, destacaram-se a dispersão e a falta de integração de dados, a carência de automação e de equipes especializadas para o monitoramento, a ausência de padronização e a urgência de ampliar a comunicação sobre águas subterrâneas junto aos gestores públicos.

Por outro lado, entre os avanços e pontos positivos, Deborah ressaltou a aproximação com especialistas, a divulgação dos Comitês PCJ em veículos de imprensa e redes sociais, a disseminação de conteúdo técnico por meio de estudos de caso e o fortalecimento do diálogo entre os integrantes da CT-AS e os diversos setores interessados.

A integrante da Secretaria Executiva, Rebeca Silva, informou sobre o ingresso de novos membros, sendo representantes da Prefeitura Municipal de Itupeva (Isabela Ferreira Maia como titular e Marco Antônio Viana dos Santos e João Paulo Vieira como suplentes) e da empresa Química Amparo (Damasco Domingos da Silva como titular e Giorgio Raimundi Bresciani como suplente).

Ainda durante a reunião, foi repassada a atualização sobre a contratação de empresa de engenharia para a execução de estudos hidrogeológicos voltados à avaliação de áreas de restrição e controle nas Bacias PCJ, contemplando as áreas urbanas de Americana e Nova Odessa (SP). Também foi destacada a participação da CT-AS no 26º ENCOB 2025, em Vitória (ES), além da apresentação do cronograma das próximas reuniões.

A próxima reunião da CT-AS está agendada para o dia 19 de fevereiro de 2026, às 9h, por videoconferência.

Evento foi promovido pelos Comitês e Agência PCJ, com apoio da Oji Papeis e CATI/SAA

Os Comitês PCJ e a Agência das Bacias PCJ deram início no sábado, dia 29 de novembro, ao seu programa de proteção de nascentes com plantio de mudas nativas em propriedades rurais de Rio Claro (SP), ação que integra o Projeto Nascentes Rio Claro. Ao todo serão 129 propriedades atendidas, divididas em três microbacias e com atividades de restauração florestal, cercamento de áreas sensíveis e orientação técnica aos produtores rurais. O projeto reforça o compromisso regional com a proteção de nascentes e mananciais, em sintonia com discussões globais de enfrentamento às mudanças climáticas, como as debatidas na COP30.

A primeira ação ocorreu na Fazenda Água Branca, no bairro rural Ajapi, onde foi realizado o plantio celebrativo de mudas nativas. O evento de abertura contou com a presença de representantes da Agência PCJ, dos Comitês PCJ, da Prefeitura de Rio Claro, da CATI (Diretoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo), entre outras entidades, de produtores rurais beneficiados pela iniciativa e da Oji Papéis, empresa apoiadora do projeto que vai garantir o plantio de seis mil mudas, de um total de 140 mil previstas para a microbacia do Ribeirão Claro — o equivalente a cerca de 67 campos de futebol. 

O diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, Sergio Razera, reforçou que a restauração é parte de um esforço contínuo e de longo prazo. “O projeto Nascentes Rio Claro é mais uma etapa desse grande projeto do PCJ para proteger as nascentes e os mananciais. Começamos hoje aqui em Rio Claro com 36 propriedades de um total de129 selecionadas. Isso significa dar a nossa contribuição para esse processo de reflorestamento, de proteção dos mananciais. Então é fundamental, é uma de cada vez. Não adianta a gente achar que vai plantar 1 milhão se a gente não plantar 20 hoje, 50 amanhã, 10 mil depois. Então, hoje faz parte de um grande processo que já está em andamento”, explicou.

O secretário-executivo dos Comitês PCJ, Denis Herisson da Silva, destacou a relevância da restauração florestal dentro do conjunto de ações dos colegiados. “Ao longo de 30 anos, nosso grande enfoque esteve no saneamento nas Bacias PCJ e agora que atingimos grandes avanços, inclusive praticamente chegando nos índices preconizados pelo Novo Marco do Saneamento, a gente começa e aumentar nossos investimentos na produção de água, cuidando da restauração das áreas de nascentes, uma vez que por meio delas a gente vai conseguir ter a infiltração de água no solo, necessária tanto para a recarga dos aquíferos quanto para preservação dos mananciais”, afirmou.

Agostinho Monsserroco, presidente da Oji Papéis, parceira da iniciativa, também reafirmou a importância de apoiar ações de recuperação ambiental na região. “Nós esperamos que os mananciais sejam recompostos, que a qualidade e a quantidade da água melhorem, para atender as populações. Esse é o grande motivo do nosso apoio. Para nós, estarmos na beira do rio Piracicaba, nessa bacia tão importante para o Estado, é motivo de orgulho e a gente quer preservar mesmo”, declarou.

Para o proprietário da área onde ocorreu o plantio inaugural, Osmar José Roatt, a ação representa cuidado com o futuro. “Eu tenho prazer muito grande de ter árvores, pensando no futuro. Eu já tenho uma certa idade e vejo hoje o futuro, que nós temos que nos precaver dessa falta de água que está ocorrendo. Então, o meu sonho é ver isso aqui todo arborizado. Eu tenho filhos e netos. Então, quero que meus netos venham aqui no futuro e gostassem disso que nós estamos fazendo hoje. Então, para mim é muito importante o dia de hoje. Estou feliz de ver esse pessoal todo aqui. Estou vendo também que tem muitas pessoas interessadas em fazer as coisas corretas, e isso me deixa feliz”, ressaltou.

O secretário de Meio Ambiente de Rio Claro, Leandro Geniselli, destacou o impacto direto da iniciativa para o abastecimento municipal. “Com esse processo de recuperação, vamos garantir que a água na Bacia do Ribeirão Claro chegue até as nossas captações e logicamente traga vida para os nossos rios. Vamos garantir que toda a parte natural seja realmente recuperada. A consequência para na cidade é realmente a produção de água, mas é muito mais do que isso: é a natureza sendo recuperada. É a gente garantindo que tenha toda a recuperação ambiental necessária para essas mudanças climáticas que estamos sofrendo”, disse.

Estiveram presentes e participaram da atividade os vereadores de Rio Claro, Eric Tatu e Julinho Lopes. O ato celebrativo contou ainda com os representantes do Rotary Rio Claro, o presidente Omar Cecchetto, e do Rotary Internacional 4590, Sr. Luiz Antonio Carvalho e Silva Brasi, instituições atuantes na proteção de mananciais com ações de plantio já realizadas em Corumbataí/SP e Analândia/SP.

Sobre o Projeto Nascentes Rio Claro

O projeto integra a Política de Proteção e Conservação dos Mananciais no âmbito dos Comitês PCJ e contempla ações de restauração florestal, conservação do solo, saneamento rural, proteção de nascentes e recuperação de matas ciliares. Além do ganho ambiental, a iniciativa fortalece a resiliência hídrica da região e contribui para a sustentabilidade da atividade rural, envolvendo diretamente produtores locais em um processo colaborativo de cuidado com o território.

No total, o investimento da Agência e dos Comitês PCJ, com apoio da Oji Papéis, é superior a R$ 1,1 milhão e abrange mais de 3,1 mil hectares. Além da microbacia do Ribeirão Claro (36 propriedades rurais, com total de 1.383,26 hectares), as outras duas microbacias atendidas no projeto são a do Córrego do Batalha (45 propriedades rurais, somando 897,15 hectares) e a do Córrego do Jacutinga (48 propriedades e 872,27 hectares).

Encontro na CATI Campinas reuniu representantes do meio rural, técnicos e gestores para discutir boas práticas, adequação ambiental e os próximos passos do projeto

Os Comitês PCJ realizaram na manhã de sexta-feira (28/11), na sede da CATI Campinas, o evento de apresentação do projeto “Propriedade Rural Amiga da Água”, que integra a Cartilha e o Mapa desenvolvidos pela Câmara Técnica de Uso e Conservação da Água no Meio Rural e pelo Grupo de Trabalho Cartilha (GT-Cartilha). O encontro ocorreu durante a 168ª Reunião Ordinária da CT-Rural e contou com a participação de técnicos, gestores públicos, representantes de entidades do meio rural e membros das câmaras técnicas.

O lançamento oficial do projeto deve ocorrer em junho ou julho de 2026. Na abertura do evento na CATI, os organizadores destacaram a importância da articulação entre produtores rurais, instituições e gestão dos recursos hídricos para fortalecer a conservação dos mananciais nas Bacias PCJ.

O secretário-executivo dos Comitês PCJ, Denis Herisson da Silva, ressaltou que o trabalho integrado entre as câmaras técnicas é fundamental para que o projeto avance com consistência. “Os Comitês PCJ, pela sua característica de ser um órgão colegiado que agrega governo, usuários e sociedade civil, veem no proprietário rural uma grande oportunidade para ações relacionadas à infiltração de água, conservação do solo e recomposição de mata ciliar. A gente encara que o produtor rural tem esse papel de protagonista: ele vai ter que não só conservar aquilo que já existe, mas regenerar aquilo que foi destruído, e isso só pode ser feito por meio das boas práticas”, afirmou.

O diretor-presidente da Agência PCJ, Sergio Razera, reforçou o compromisso da instituição com a construção de materiais técnicos que cheguem efetivamente ao campo. “Esse é um material muito bom, com riqueza de detalhes e informações. É um material para ficar dentro de casa, para consultar. O desafio agora é chegar na mão do produtor rural, e isso depende da parceria com órgãos de extensão, assistência técnica e organizações que trabalham diretamente com o produtor. Esse evento é para motivar e mostrar a importância de fazer esse conteúdo qualificado chegar na ponta”, destacou.

Em seguida, o coordenador do GT-Cartilha, Miguel Milinski, apresentou o processo de elaboração da Cartilha Propriedade Rural Amiga da Água, desenvolvida ao longo de três anos de trabalho com foco em linguagem acessível, orientações práticas e referências técnicas sobre boas práticas agropecuárias e adequação ambiental. “Nossa preocupação era justamente a simplicidade da informação. Para que até uma criança ou uma pessoa que não saiba ler consiga entender a comunicação. A expectativa é que surta bastante efeito para a comunicação, uma quebra de paradigma. Esperamos atingir a maior parte dos produtores e que eles sintam segurança em seguir essas orientações”, explicou.

Na segunda palestra do evento, Melissa Pin Lucheti detalhou as orientações presentes na cartilha, reforçando como a ferramenta poderá apoiar produtores que, muitas vezes, não têm acesso fácil às informações ambientais ou às exigências legais. “Estamos buscando entregar aos produtores uma parte mais prática, um local onde possam buscar informações sobre o que precisam executar para deixar a propriedade ambientalmente correta. Não existe um material como esse compilado. Existem materiais separados, e resolvemos juntar tudo no mapa, que permite ao produtor identificar o que está em ordem, o que merece atenção e o que não está adequado”, afirmou. Ela também destacou o uso de QR Codes e os contatos no verso do mapa para facilitar o acesso a conteúdos e instituições de apoio.

A coordenadora de Gestão da Agência PCJ, Katia Gotardi, apresentou os próximos passos do projeto, incluindo estratégias de divulgação, integração com parceiros institucionais, ações de capacitação e formas de ampliar o acesso ao Mapa e à Cartilha nos 76 municípios das Bacias PCJ. Entre as providências previstas estão a contratação de uma empresa para realizar o evento de lançamento, além de um cadastro técnico com profissionais, instituições e dados pertinentes à proteção de mananciais nos municípios; capacitações teóricas e práticas e treinamentos relacionados às boas práticas para manutenção de estradas rurais, prevenção de erosão e proteção dos cursos d’água.

O encontro foi finalizado com um momento de debate e perguntas, no qual participantes puderam contribuir com sugestões, tirar dúvidas e discutir desafios relacionados à conservação dos recursos hídricos no meio rural.

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