ÁGUAS SUPERFICIAIS
A disponibilidade per capita de água superficial trata-se da avaliação do volume de água superficial disponível para a população das Bacias PCJ. Uma boa visão para a questão pode ser obtida nos Relatórios de Situação das Bacias PCJ, que são elaborados anualmente.
Embora a região seja privilegiada por uma grande quantidade de fontes de água, as Bacias PCJ possuem uma disponibilidade hídrica bastante limitada. O crescimento populacional, frente a uma disponibilidade hídrica constante, denota uma tendência de contínua redução da quantidade de água disponível por habitante.
A oferta de água por habitantes nas Bacias PCJ é de aproximadamente 980m³/hab.ano, considerada insatisfatória segundo os valores de referência adotados no Estado de São Paulo, que define como crítica uma situação com menos do que 1.500 m³/hab.ano. No gráfico a seguir está apresentada a disponibilidade per capta ao longo do tempo.
É importante destacar, ao tratar da disponibilidade hídrica nas Bacias PCJ, que o potencial de recursos hídricos superficiais não está, em sua totalidade, à disposição para uso na própria região, pois uma parcela substancial é revertida, através do Sistema Cantareira, para a Bacia do Alto Tietê. Esse sistema é responsável pelo abastecimento de aproximadamente 8,8 milhões de pessoas da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
Na área das bacias, o Sistema Cantareira conta com reservatórios de regularizações nos rios Atibainha e Cachoeira (sub-bacia do rio Atibaia), e nos rios Jacareí/Jaguari (sub-bacia do rio Jaguari). O Sistema está representado na figura a seguir.
Fonte: ANA (2016)
A Resolução Conjunta ANA/DAEE nº 926, de 29 de maio de 2017 outorga a SABESP a utilizar a vazão máxima média mensal de até 33 m³/s do Sistema Cantareira, devendo respeitar as seguintes vazões mínimas nas Bacias PCJ:
I. Mínima instantânea de 0,25 m³/s para jusante dos reservatórios Jacareí/Jaguari, no rio Jaguari;
II. Mínima instantânea de 0,25 m³/s para jusante dos reservatórios Cachoeira/Atibainha, no rio Atibaia;
III. Mínima média diária de 10,0 m³/s no posto de controle Captação de Valinhos, no rio Atibaia, e de 2,0 m³/s no posto de controle de Buenópolis, no rio Jaguari;
A operação do Sistema Cantareira, de acordo com a Resolução Conjunta ANA/DAEE Nº 925, de 29 de maio de 2017, também deve considerar a condição de armazenamento dos reservatórios e o período hidrológico do ano, buscando a racionalização do uso dos recursos hídricos e o atendimento ao uso múltiplo das águas. Para fins de operação do Sistema Cantareira, são definidos dois períodos hidrológicos: (i) Período Úmido – de 1º de dezembro de um ano a 31 de maio do ano seguinte e (ii). Período Seco – de 1º de junho a 30 de novembro do mesmo ano.
Para a Região Metropolitana de São Paulo, o controle da captação de água do Sistema Cantareira, realizada pela SABESP, é a vazão captada na Estação Elevatória Santa Inês, autorizada mensalmente de acordo com as faixas do Sistema Cantareira estabelecidas conforme apresentado a seguir:
I. Faixa 1: Normal – volume útil acumulado igual ou maior que 60%;
II. Faixa 2: Atenção – volume útil acumulado igual ou maior que 40% e menor que 60%;
III. Faixa 3: Alerta – volume útil acumulado igual ou maior que 30% e menor que 40%;
IV. Faixa 4: Restrição – volume útil acumulado igual ou maior que 20% e menor que 30%;
V. Faixa 5: Especial – volume acumulado inferior a 20% do volume útil.
De acordo com a condição de armazenamento do Sistema Cantareira, os limites máximos médios mensais que podem ser retirados pela Sabesp são:
I. Faixa 1: Normal – 33,0 m³/s;
II. Faixa 2: Atenção – 31,0 m³/s;
III.Faixa 3: Alerta – 27,0 m³/s;
IV. Faixa 4: Restrição – 23,0 m³/s; e
V. Faixa 5: Especial – 15,5 m³/s.
Desse modo, as disponibilidades hídricas superficiais das sub-bacias da região PCJ são resultantes das seguintes parcelas:
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Todo aquífero é considerado um reservatório de água subterrânea, aqui sintetizada como sendo os recursos exploráveis, relacionado à parcela máxima que pode ser aproveitada anualmente das reservas, correspondendo à vazão anual que pode ser extraída do aquífero ou do sistema aquífero, sem que se produza um efeito indesejável.
A disponibilidade hídrica subterrânea pode variar no espaço e no tempo em função das condições hidrogeológicas, do efeito das explorações sobre o regime de fluxo nos aquíferos, da disposição e concepção das obras de captação, dos equipamentos de exploração, dentre outros fatores. O esforço em estimar estes volumes culmina com o balanço entre entradas e saídas de água subterrânea nas bacias, importante indicador de sustentabilidade e parâmetro de sua gestão futura.
De forma geral, 53% da área das Bacias PCJ apresentam aquíferos aflorantes de porosidade secundária, ou seja, porosidades condicionadas pelas fraturas/fissuras das rochas, e 47% apresenta porosidade intergranular. O quadro a seguir apresenta algumas características das unidades aquíferas.
Unidade Aquífera | Tipos Litológicos | Características Principais | Potencial |
---|---|---|---|
Cenozóico | Sedimentos clásticos não consolidados (areia-argila). | Extensão limitada, descontínuo, anisotrópico, heterogêneo e livre | Baixo e localizado. Suprimento de demandas domésticas através de poços escavados e ponteiras. |
Bauru | Arenitos finos, maciços, baixo teor de matriz; arenitos finos amédios com boa seleção. | Livre a localmente semiconfinado; granular; contínuo e uniforme. | Baixo potencial devido à restrita faixa de ocorrência nas Bacias PCJ; Vazões explotáveis – 10m3/h |
Serra Geral | Basaltos a riolitos e diabásios. | Extensão regional, descontínuo, anisotrópico, heterogêneo, livre a semi-confinado. | Excelente qualidade e uso intenso no meio rural/ doméstico; extensão areal restrita. |
SAG | Arenitos eólicos e flúvio-Eólicos homogêneos. | Aquífero livre a confinado (pequena porção); espessuras variáveis (0-250m) e fragmentos isolados | Excelente qualidade sem objeção ao uso. Importância regional. Restrição geográfica. |
Passa Dois | Predominância de pelitos com intercalação de arenitos finos. | Aquitardos heterogêneos com 50m de espessura. | Excelente qualidade química, porém com mistura de água nas captações (poços). |
Tubarão | Arenitos com intercalação de pelitos. | Aquífero heterogêneo com espessuras de até 150 m. | Boa qualidade química, porém com mistura de água nas captações (poços) e restrições químicas (elevada alcalinidade, TDS e Flúor). |
Cristalino | Rochas ígneas e metamórficas. | Aquíferos fraturados condicionado presença e magnitude do manto de alteração. |
Fonte: Adaptado PROFIL & RHAMA (2018)
Nas sub-bacias dos rios Atibaia, Camanducaia, Jaguari e Jundiaí observa-se ampla cobertura de rochas de embasamento cristalino (>70%). Já nas sub-bacias dos rios Corumbataí e Piracicaba, o que se nota são estratos pertencentes ao Sistema Aquífero Guarani (SAG), ocupando quase 50% de sua área. A sub-bacia do rio Capivari possui quase 70% de sua área ocupada pelos estratos do Grupo Tubarão.
As maiores vazões explotáveis estão nas sub-bacias do Jaguari, Piracicaba e Atibaia, sendo de 6,67 m³/s, 6,12 m³/s e 5,68 m³/s, respectivamente. As sub-bacias menos propensas à explotação e com menores vazões disponíveis são Capivari (0,94 m³/s), Jundiaí (1,17 m³/s), Camanducaia (2,04 m³/s) e Corumbataí (2,49 m³/s).
Ressalta-se que reserva explotável é uma vazão teórica, visto que, muitas vezes, essa água encontra-se locacionalmente indisponível, inviável ou inacessível. Tal informação destina-se muito mais para estimativas de disponibilidade.
Fonte: Primeira revisão do Plano de Bacias PCJ 2010-2020.