Sergio Razera usou como exemplo o que ocorre em Campinas, por meio da companhia municipal de saneamento básico. “A maior mostra do êxito na descentralização pode ser observado no trabalho feito pela Sanasa. Há duas décadas o município de Campinas era o maior poluidor da nossa bacia. Hoje, detém a empresa municipal de saneamento básico que é referência para todo o Brasil com 100% de esgoto tratado, estações de tratamento modernas”, afirmou.
Razera expôs os desafios inerentes à gestão dos recursos hídricos. “Fácil não é, mas isso tudo não pode nos desestimular, pelo contrário. Isso deve nos motivar a trabalhar, criar parcerias, assinar compromissos mostrando que somos responsáveis e fazer tudo isso com boa gestão, caso contrário a gente fecha as portas e vai pra casa. Mas já vimos no que isso dá. Quase perecemos no final da década de 1990, início dos anos 2000. Sabemos que isso dói, dá trabalho, mas aprendemos a conviver com base no conceito da solidariedade regional que significa que temos que pensar de forma ampla, cuidando dos nossos vizinhos para termos água na nossa casa”, disse Sergio Razera.
Na avaliação de Rodrigo Hajjar, primeiro coordenador adjunto do Fórum Nacional de Comitês de bacias hidrográficas e membro do PCJ Paulista e Federal, o evento foi relevante por gerar a oportunidade de membos de comitês de todo o país trocarem experiências sobre suas iniciativas. “A região do colegiado coordenador que congrega os comitês federais, depois de quase duas décadas, voltou a Campinas para um encontro. O evento foi bastante produtivo e reforça o peso do PCJ e também do Fórum Nacional, no qual foram tratados diversos temas técnicos e apresentando cases de sucesso como o próprio PCJ e a Agência PCJ. Esses dois órgãos são referências nacionais, bem como a Sanasa Campinas que apresentou dados do seu trabalho de combate a perdas d’água e investimentos”, disse.
Na ocasião, também foi debatido o Encob (Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas), evento que acontecerá de 22 a 26 de agosto em Foz do Iguaçu/PR. “Também tivemos um debate bastante rico relacionado ao PL 4546/2021, que trata do novo marco de estrutura hídrica e que impacta diretamente nos comitês de bacias. Foram dois dias muito produtivos com debates sobre temas altamente relevantes,que culminou com a visita técnica a estação produtora de água de reuso da Sanasa. Nessa oportunidade os participantes puderam conhecer esse sistema terciário que certamente representa um grande avanço na questão do tratamento”, afirmou Rodrigo Hajjar.
Em sua apresentação, o vice-presidente do Comitê PCJ Federal, Marco Antônio dos Santos, que é diretor técnico da Sanasa/Campinas apontou como principal diferencial do Comitês PCJ a união e gestão integrada em sua gestão. “Todos trabalham com o mesmo objetivo sem ninguém puxando tapete. Temos discussões sim, mas sempre com a busca do consenso e bem comum”, disse. Ele usou uma analogia para exemplificar a união dos membros do órgão. “Costumo lembrar de como funciona a escolha de um samba enredo em uma escola de samba. Diversos compositores enviam suas letras para uma mesma escola. É feita a escolha e a partir do momento em que há um samba escolhido, todos os demais concorrentes ‘rasgam’ suas próprias letras e se unem em apoio àquele compositor tido como vencedor. É parecido com o que ocorre dentro do Comitês PCJ. Estamos sempre em busca de um mesmo ideal e é isso que faz a diferença e traz o sucesso do órgão”, afirmou.
A atuação da Agência PCJ foi destacada pelo vice-presidente dos Comitês. “A Agência, sendo um órgão ligada ao Comitês, tem um trabalho em conjunto com o Comitê que define as ações e a Agência que ouve e cumpre. É isso que garante o sucesso do Comitê PCJ”, finalizou Marco Antônio dos Santos.