Comitês PCJ anunciam projeto para monitoramento da qualidade da água via satélite nas Bacias PCJ
Entidade, que já monitora volume (quantidade de água) dos rios, revela novidade fruto de parceria internacional durante evento de seus 30 anos
Seminário Internacional reuniu autoridades, especialistas e conferencistas internacionais para debater as Bacias PCJSeminário Internacional reuniu autoridades, especialistas e conferencistas internacionais para debater as Bacias PCJ
O anúncio da parceria dos Comitês PCJ e Agência das Bacias PCJ com a Agência de Água Loire-Bretagne e o Escritório Internacional da Água (OiEau) por meio do projeto M.A.R.U (Monitoramento de Águas Residuais Urbanas) foi um dos destaques da programação comemorativa aos 30 anos dos Comitês PCJ por possibilitar a realização de um trabalho inovador no monitoramento da qualidade da água nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. O intercâmbio internacional permite a observação dos lançamentos e o impacto da poluição gerada pelas águas residuais urbanas via satélite, sondas e captações in loco.
A parceria com a agência francesa e o OiEau foi evidenciada durante o Seminário Internacional “Comitês PCJ – 30 anos: Avanços e Perspectivas na Gestão dos Recursos Hídricos”, realizado no Teatro Erotides de Campos (Piracicaba/SP), no dia 17. De acordo com o diretor de projetos e gerente de Sistemas de Informações sobre Água do OiEau, engenheiro ecólogo Nicolas Bourlon, o objetivo principal do M.A.R.U. é fortalecer o monitoramento dos lançamentos e do impacto da poluição gerada pelas águas residuais urbanas, a fim de melhorar a identificação das ações a serem implementadas – isso por meio de captações in loco ou via recursos tecnológicos. “Por imagens de satélite, por exemplo, conseguimos obter métricas para definir ações de proteção aos recursos hídricos. Mapas dinâmicos mostram a qualidade da água em reservatórios e rios, nos indicando as frentes prioritárias de ação”, informa.
Nicolas Bourlon explica a importância da instalação de sondas para obtenção de informações em tempo real sobre a qualidade das águas. “São equipamentos que permitem fortalecer o monitoramento dos lançamentos e o impacto da poluição gerada pelas águas residuais urbanas, a fim de aprimorar a identificação de ações a serem implementadas e proteger a qualidade dos recursos hídricos”, afirma.
Em paralelo ao monitoramento in loco, imagens de satélite são processadas para monitorar a qualidade da água em escala espacial e para quatro parâmetros: clorofila-a, turbidez, matéria em suspensão e matéria orgânica.
“Integramos e usamos as centenas de arquivos para transformá-los em informações úteis para a tomada de decisões”, detalha.
Em dois anos, os investimentos feitos pela França na parceria entre Agência PCJ, Agência de Água Loire-Bretagne e Office de l’Eau, ficam em torno de 500 mil euros em equipamentos e serviços. O diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, Sergio Razera, reforça a importância da parceria. “É inestimável a relevância da aplicação da experiência francesa nos avanços em termos de monitoramento e definição de estratégias. Esses dados completam um rol de ações voltadas ao nosso plano de atuação. É uma primeira etapa. Este é um aprendizado que demanda um pouco de tempo para poder ter o potencial dessa ferramenta”, ressalta.
Mais de 300 convidados participaram do seminário internacional. De acordo com André Navarro, secretário-executivo do CBH-PCJ e do PCJ Federal, o evento atendeu e superou as expectativas. “Vale um destaque para a participação dos colegas franceses da agência Loire-Bretagne para entendermos o papel da tecnologia no enfrentamento dos desafios para os próximos 30 anos. E, também, a importância da atuação conjunta entre diversas instituições. Conseguimos reunir pessoas que foram importantíssimas para a construção dos Comitês PCJ, das políticas, enfim, pessoas que antes mesmo de 1993, quando foi instalado o comitê, já envidavam esforços para essa instalação. Tivemos relatos importantes sobre a melhoria da qualidade da água, monitoramento, a própria instalação do comitê e o nascimento da cobrança pelo uso da água”, destaca.
Em sua fala no seminário, o presidente dos Comitês PCJ e prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida, evidenciou o envolvimento de mais de 900 profissionais no trabalho de preservação das Bacias PCJ. “Os desafios continuam. Sabemos que a água pode faltar se nada for feito nos próximos 30 anos. Não é uma questão alarmista. É uma constatação de que os Comitês PCJ atuam de maneira vital para evitar um colapso. Uma dedicação diária para preservação dos recursos hídricos. Quero deixar meu expresso agradecimento a todos que fizeram e fazem parte desta história”, enfatiza.
Cassiana Maria Reganhan Coneglian, professora da Unicamp e integrante da Câmara Técnica de Saúde Ambiental acompanhou os painéis e comentou sobre os 30 anos dos Comitês PCJ. “Como integrante de uma câmara técnica, consigo levar para dentro da sala de aula aquilo que realmente acontece na prática, as dificuldades enfrentadas pelos municípios, pelas prefeituras e, também, as conquistas. É muito bom poder vivenciar isso na prática e levar para os meus alunos, que serão os futuros membros do PCJ. Foi um dia especial para mim”, diz.
Domenico Tremaroli, da Cetesb, palestra durante o evento, observado pelo francês Eric Tardieu, do OiEau
HOMENAGENS
Uma performance teatral resgatando a preocupação com o Rio Piracicaba no final dos anos 80 abriu uma solenidade de homenagens, no dia 18, dedicada a personalidades fundamentais para edificação dessas três décadas dos Comitês PCJ Paulista, 20 anos dos Comitês Federal, 15 anos do Comitê Mineiro. Em momentos de emoção, muitas histórias e reconhecimento, participantes que fizeram e ainda fazem parte dessa trajetória foram destacados pela dedicação e pelo compartilhamento técnico na busca de ações assertivas na gestão de recursos hídricos.
Performance teatral encenou manifesto popular de 1987 que anos depois levou a criação dos Comitês PCJ
Durante o evento, ocorreram homenagens a representantes de entidades parceiras, câmaras técnicas, ex-presidentes, coordenadores e, ainda, lembranças póstumas a Luiz Roberto Moretti, secretário-executivo por quase 20 anos e Antonio Carlos de Mendes Thame, ex-prefeito de Piracicaba e primeiro presidente eleito do CBH-PCJ. Pela dedicação aos comitês, receberam merecidos reconhecimentos: Sergio Razera, Anicia Aparecida Bapstistello Pio, José Machado, James Alexandre Landmann, José Maria de Araújo Junior, Antonio Felix Domingues, Luiz Roberto Del Gelmo, Jorge Luis Silva Rocco, José Paulo Ganzeli, Paulo Theodoro de Carvalho, Roseli Piovezan Assis e Vanessa Longato.
Foram homenageados por sua atuação na história dos Comitês PCJ: Ana Lúcia Vieira, Vlamir Mitsuo Kanashiro, Ariana Damiano, Cassiana Coneglian, Roseane Souza; Ednéa Aparecida Parada, Henrique Bellinaso, José Luiz Albuquerque Filho, Luís Eduardo Grisotto, Sibele Ezaki, Luciana de Souza, Julia Noale, Rosimeire Aparecida de Oliveira, Graziela Lopes Bertolino; Alexandre Vilella, Raquel Metzner, Mateus Arantes, Denis Herisson, Caroline Bacchin, Tadeu Malheiros e João Demarchi.
Luiz Roberto Moretti (in memorian) foi homenageado por sua contribuição e história nos Comitês PCJ
Nancy Thame (ao centro) recebeu as homenagens póstumas pelo legado de seu marido Antonio Carlos Mendes Thame
Para Sergio Razera, a programação dos 30 anos faz parte de mais um capítulo importante na história dos Comitês PCJ. “No seminário e na solenidade de homenagens, conseguimos participar de uma viagem por nossa história, começando pelo idealismo dos fundadores para preservar o Rio Piracicaba até os dias atuais. Foram muitos desafios e conquistas. Tivemos a oportunidade de observar os avanços e, também, recarregar o propósito do que precisa ser feito nas próximas décadas. Sem dúvida, celebramos os 30 anos de maneira especial, reforçando a participação de muitos atores na continuidade da preservação dos recursos hídricos nas Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí”, conclui o diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ.