Reunião virtual debateu a atual situação e medidas necessárias para minimizar os problemas
2 de outubro de 2025
Um amplo debate sobre o atual cenário da estiagem severa que atinge as Bacias PCJ marcou a 272ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico, realizada nesta quinta-feira, dia 2 de outubro, por videoconferência. O encontro foi conduzido pelo coordenador da CT-MH, Alexandre Vilella, e contou com a participação do secretário-executivo dos Comitês PCJ, Denis Herisson da Silva.
Na abertura, Denis anunciou a reativação do Grupo de Trabalho Estiagem, que já atuou nas crises hídricas de 2014/2015 e 2021, e será retomado neste mês de outubro. “Quero aproveitar para informar que nós, dos Comitês PCJ, no âmbito da Câmara Técnica de Planejamento, estamos providenciando a retomada do GT-Estiagem, responsável por monitorar os mananciais dos Comitês PCJ e promover a cooperação para o uso racional da água, especialmente neste cenário de escassez hídrica que está se desenha para 2026. A medida é para a gente ter decisões de forma planejada e antecipada. Também temos a função de elaborar materiais educativos e de comunicação social, além de divulgar ao público e aos usuários as decisões dos órgãos gestores”, declarou Denis.
Nos informes iniciais, foram destacadas atividades recentes das quais representantes da CT-MH e dos Comitês PCJ participaram, além de decisões dos órgãos gestores em setembro relacionadas à estiagem. Entre as atividades, a videoconferência promovida pela SP-Águas e Arsesp, em 16 de setembro, sobre a estiagem na Região Metropolitana de São Paulo e a situação do Sistema Integrado Metropolitano. Vilella também relatou a reunião realizada no dia 24 com o presidente dos Comitês PCJ e prefeito de Piracicaba, Helinho Zanatta, e a visita técnica, em 30 de setembro, às obras das futuras barragens de Pedreira (SP) e Duas Pontes (Amparo-SP).
As obras estão com aproximadamente 50% de andamento e previsão de entrega para o segundo semestre de 2026. “Além das barragens, será construído um sistema completo de saneamento e esgotamento sanitário para os municípios de Amparo e Monte Alegre do Sul, e uma estação de tratamento de rio no Camanducaia. São três intervenções importantes, até ao nível terciário, fundamentais para se evitar a eutrofização e outros efeitos, principalmente no barramento de Duas Pontes, no Camanducaia. Falamos muito das barragens, mas não podemos esquecer dessas obras, de centenas de milhões de reais para o saneamento desses três municípios”, ressaltou Vilella.
Como de praxe, o coordenador apresentou a situação dos mananciais e do Sistema Cantareira. “Como estamos acostumados, o comecinho de outubro é o pior período do ponto de vista das baixas vazões. Neste ano está bastante severo, seja nas calhas municipais, nos afluentes, até nos reservatórios municipais de alguma forma. Claro que aquele que capta a fio d’água tem sofrido mais as consequências da estiagem. Aquele que não possui nenhum tipo de enrocamento, ou até um reservatório, sofre de uma forma mais aguda essa situação vivenciada”, observou Vilella.
Relatos dos membros apontaram ocorrências em setembro, como a decretação de Estado de Emergência em Americana; o racionamento de água no município de Corumbataí(SP); problemas na captação de alguns municípios com alterações na qualidade de água do Rio Jaguari, em Limeira; no Rio Atibaia, em Paulínia; o mesmo problema no trecho do Rio Atibaia, em Campinas, onde foi registrada mortandade de peixes em 22 de setembro, quando a captação da Sanasa foi paralisada por 5 horas; e a constatação da coloração esverdeada na água do Rio Piracicaba, em Piracicaba, no dia 29 de setembro, obrigando o Semae a limitar temporariamente a captação em 40% da vazão total e à sua mistura com água do rio Corumbataí para garantir a potabilidade.
Quanto ao Sistema Cantareira, em 1º de outubro, ele operava em 28,1% do volume total, na faixa de restrição. Na mesma data em 2024, o volume era de 50,6%, e em 2023, 67,5%. Até 1º de outubro, haviam sido utilizados 58% da cota de 158,1 bilhões de litros que as Bacias PCJ têm direito anualmente. Vilella destacou que, apesar da situação não ser confortável em comparação com anos anteriores, houve um esforço coletivo para preservar água, e que, com as descargas médias atuais, a água disponível no Cantareira pode ser suficiente para manter as regras operativas até 30 de novembro. Durante a reunião, os membros decidiram manter as descargas atuais de 11 m³/s para as Bacias PCJ: 5,50 m³/s no Cachoeira, 4,00 m³/s no Atibainha e 1,50 m³/s no Jaguari.
Na sequência, a engenheira Karoline Dantas, da Sala de Situação PCJ, apresentou dados sobre chuvas e vazões em setembro e projeções para os próximos meses. As vazões médias ficaram abaixo da média histórica em grande parte dos rios. Foram registrados apenas quatro dias de chuva no mês, com acumulados entre 10 e 85 mm em 22 de setembro. A persistência da baixa pluviosidade agravou os quadros de seca fraca e moderada.
De acordo com Jorge Mercanti, coordenador do GT-Previsão do Tempo, há maior probabilidade de chuvas entre os dias 14 e 16 de outubro. Já para dezembro e janeiro, a expectativa é de aumento significativo da precipitação. Segundo Marco Josevicius, da Simepar, o verão deve apresentar volumes próximos à média histórica.
Operação Estiagem
No encerramento, o Consórcio PCJ apresentou a Operação Estiagem 2025, que assessora municípios e empresas associados com boletins mensais sobre chuvas, vazões, volumes de mananciais e previsões climáticas, além de orientações preventivas e sugestões de ações de contingência e resiliência hídrica.
Uma das novidades deste ano é a retomada do Grupo de Perdas de Água do Consórcio PCJ. O primeiro encontro será realizado na manhã de 6 de novembro, na Secretaria de Meio Ambiente de Santa Bárbara d’Oeste.
Próxima reunião
A 273ª Reunião da CT-MH será presencial, em 5 de novembro, às 9h30, na CIESP Campinas.