Assunto foi abordado em palestra do engenheiro agrônomo Rinaldo Calheiros
26 de setembro de 2025
A sustentabilidade hídrica para o abastecimento público de Piracicaba e Rio Claro foi o tema central da 167ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Uso e Conservação da Água no Meio Rural (CT-Rural), realizada em 26 de setembro, por videoconferência.
Em palestra, o engenheiro agrônomo Rinaldo Calheiros destacou o risco da escassez hídrica e como o tema vem sendo discutido em diferentes espaços, como na Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Piracicaba.
Calheiros apresentou dados preocupantes: a retirada de água do rio Corumbataí por Piracicaba poderá exceder a disponibilidade hídrica já em 2030, chegando a 105%, e em 2040, a 141%, o que levaria a um colapso no abastecimento público. Rio Claro enfrentaria situação semelhante com o Ribeirão Claro, responsável por 40% do abastecimento do município, que deve alcançar 112% da demanda em 2030 e 123% em 2040. Em ambos os casos, não haveria água suficiente para atender à população.
Como alternativa para mitigação desse problema, o pesquisador defendeu o uso da infraestrutura verde, que, segundo ele, é “a solução mais eficiente e econômica para a recuperação físico-hídrica das bacias hidrográficas, pois atua na causa da escassez, ao contrário da construção de represas, que atuam apenas sobre o efeito”. A proposta envolve a recuperação de microbacias dentro dos municípios, com foco na autossuficiência hídrica e na proteção de mananciais.
Entre as medidas emergenciais, Calheiros propôs o desassoreamento de nascentes e a instalação de caixas solo-cimento para sua proteção. A técnica consiste na remoção de sedimentos que obstruem as nascentes, aumentando a vazão de água. “É uma solução rápida, simples e pouco utilizada, mas que pode aumentar significativamente a disponibilidade hídrica”, ressaltou.
Ele defendeu ainda a inclusão imediata dessa prática nos Planos Integrais de Propriedade (PIPs) em andamento. Sua proposta envolve: elaborar e aprovar em até um mês um projeto de desassoreamento abrangendo toda a microbacia do Ribeirão Claro e a parte do Corumbataí até a captação da ETA 1 – Capim Fino, em Piracicaba; encaminhar os trâmites legais junto aos municípios em até um mês; licitar o projeto emergencial pela Agência das Bacias PCJ em dois meses; e iniciar a adesão de propriedades localizadas nessas áreas também em até dois meses.
O engenheiro fez um apelo para que a CT-Rural e outras instâncias apoiem a iniciativa. “Sem uma intervenção rápida e efetiva, a sociedade enfrentará um colapso hídrico e poderá cobrar daqueles que não agiram. É de fundamental importância que a Câmara Técnica se posicione para que possamos evoluir na proposta de salvamento das nascentes”, afirmou.
O coordenador da CT-Rural, João Primo Baraldi, confirmou que a proposta será encaminhada à câmara técnica, destacando a relevância do estudo e a urgência da situação.
Durante a reunião também foi detalhada a estrutura do plano de trabalho, dividida em três categorias: A, com demandas da secretaria executiva; B, voltada a temas de discussão propostos pela CT; e C, direcionada à realização de eventos.
Outro ponto de pauta foi a aprovação da empresa Química Amparo Ltda. como novo membro da CT-Rural, representada por Adriano Fidalgo Yamamoto (titular) e Erilandia Sousa Sales (suplente).
A 168ª Reunião Ordinária da CT-Rural está marcada para 28 de novembro, às 9h30, presencialmente na CATI, em Campinas (SP).