Em reunião em Jundiaí, participantes discutiram os impactos da falta de chuvas, medidas emergenciais em municípios e a necessidade de gestão integrada dos recursos hídricos
3 de setembro de 2025
A estiagem severa que atinge as Bacias PCJ e medidas preventivas para minimizar a seus efeitos foram alguns dos temas da 271ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico (CT-MH), realizada nesta quarta-feira(03/09), no auditório do Parque da Cidade, em Jundiaí (SP). O encontro contou com a presença de representantes de 31 entidades-membro e reuniu cerca de 60 participantes, incluindo os anfitriões Luiz Roberto Del Gelmo, diretor-presidente da DAE Jundiaí, e Nádia Zacharczuk, diretora de Mananciais da empresa.
O coordenador da CT-MH, Alexandre Vilella, comentou sobre o atual cenário. “Hoje, representantes dos diversos segmentos discutiram exatamente a severidade dessa estiagem, que tem levado à decretação de emergência hídrica em alguns municípios, como Limeira, ou algumas medidas preventivas quanto a uso racional, por exemplo, que Iracemápolis, Cordeirópolis e outros municípios estão adotando, justamente com esse olhar das incertezas meteorológicas de chuva que a gente tem para esse verão. Embora, as previsões apontem chuvas, tendencialmente, dentro da média histórica, há uma grande preocupação para 2026, do ponto de vista de quanto a gente está dependente das chuvas deste verão para saber o que vivenciaremos no próximo ano”, afirmou Vilella.
O primeiro coordenador-adjunto da CT-MH, Paulo Tinel, enfatizou a relevância do encontro. “A reunião de hoje assume um caráter importante porque nós estamos em um período de estiagem, que pode evoluir para uma seca mais grave. O uso racional e as aberturas moderadas do Sistema Cantareira são essenciais para manter os níveis de água. As empresas de saneamento podem contribuir através dos programas de controle de perdas, redução de pressão e evitar a perda d’água e captação apenas do necessário dos mananciais. Esperamos que São Pedro colabore, mas precisamos fazer a nossa parte no sistema”, declarou Tinel.
Como de praxe, foram apresentadas as condições dos principais rios das Bacias PCJ, do Sistema Cantareira e os dados hidrometeorológicos, além de relatos de ocorrências registradas em agosto de 2025. Operadores de sistemas de abastecimento deram depoimentos sobre dificuldades na captação e tratamento de água, mas não houve registros de racionamento ou desabastecimento.
Segundo Vilella, a estiagem é um problema crônico nas Bacias PCJ. “Neste ano, as chuvas ficaram muito abaixo da média. Mesmo sendo meses de baixa precipitação, junho, julho e agosto registraram índices de 30% a 40% menores que o habitual. Isso fez com que não só o Cantareira caísse, mas aqueles municípios que se abastecem de córregos ou até de outros reservatórios locais também tiveram um decréscimo do volume. Com o aumento das temperaturas, há uma tendência do consumo crescer”, observou Vilella.
Ele acrescentou que várias ações estão sendo desenvolvidas para enfrentar o cenário. “Os Comitês PCJ intensificaram o monitoramento e o governo anunciou medidas para reduzir a pressão no abastecimento da Grande São Paulo para diminuir as retiradas do Cantareira. Além disso, os Comitês seguem com ações preventivas para proteger os mananciais e em outras frentes de gestão”, disse o coordenador.
No dia 2 de setembro, o Cantareira operava com 34,2% de sua capacidade, na faixa de alerta, o que obrigou a Sabesp a reduzir a retirada de água para São Paulo de 31 m³/s para 27 m³/s. Na mesma data em 2024, o sistema de reservatórios estava com 57,1% e, em 2023, com 72,5%. Até 2 de setembro deste ano, o volume utilizado pelas Bacias PCJ no período seco (junho a novembro) foi de 66,28 bilhões de litros – cerca de 42% da garantia total disponível, de 158,1 bilhões. Durante a reunião, os membros decidiram manter as descargas de 10 m³/s para as Bacias PCJ: 5,50 m³/s no Cachoeira, 3,00 m³/s no Atibainha e 1,50 m³/s no Jaguari.
Apresentações
A engenheira Karoline Dantas, da Sala de Situação PCJ, falou sobre as chuvas/vazões em agosto/2025 e perspectivas para os próximos meses. Segundo ela, na maior parte das Bacias PCJ eram esperados acumulados de chuva entre 25 a 50 mm, mas a variação foi de 0mm a 25mm.
Já o coordenador do GT-Previsão do Tempo, Jorge Mercanti, informou que não há expectativa de chuvas nos próximos dias, embora as precipitações possam ficar dentro da média nos meses seguintes.
Plano de Trabalho 2026-2027
Na reunião, os participantes ainda aprovaram a minuta do Plano de Trabalho da CT-MH para o biênio 2026-2027. A proposta deve ser encaminhada até 31 de outubro à Secretaria Executiva dos Comitês PCJ. O retorno da SE e da Agência PCJ às câmaras técnicas ocorrerá até 12 de dezembro de 2025, e a aprovação final pela CT será até 20 de fevereiro de 2026. Em março, os planos de todas as Câmaras Técnicas serão apreciados pela CT-PL e votados nos Plenários dos colegiados.
O Plano de Trabalho das Câmaras Técnicas é estruturado em três categorias:
Categoria A – demandas elencadas pela Secretaria Executiva a partir de deliberações dos Comitês PCJ, do Plano das Bacias PCJ 2020-2035, do Planejamento Estratégico, do planejamento orçamentário e de solicitações da Agência das Bacias PCJ.
Categoria B – temas propostos pela própria CT para discussão nas reuniões. No caso da CT-MH, são 13 temas escolhidos, entre eles, a renovação da outorga do Sistema Cantareira (que vence em maio de 2027); Segurança e resiliência hídrica; Monitoramentos Hidrológico e Qualitativo; Eventos extremos e Mudanças Climáticas e os impactos na Gestão Hídrica; Gestão Compartilhada do Cantareira; Manutenção da Rede Telemétrica, entre outros.
Categoria C – eventos promovidos pela câmara, com possibilidade de até dois encontros de meio período. Devido à agenda intensa sobre a renovação da outorga do Cantareira nos próximos dois anos, não há previsão de eventos pela CT-MH.
Próxima reunião
A 272ª Reunião Ordinária da CT-MH está agendada para 2 de outubro, às 9h, por videoconferência.




























