Prognóstico foi traçado durante a 11ª Reunião do GT-Previsão Hidrometeorológica
24 de maio de 2022
O início da estiagem trará consigo longos períodos de seca e temperaturas levemente abaixo da média em virtude da La Niña. Este foi o prognóstico apresentado na terça-feira, 24 de maio de 2022, durante a 11ª Reunião do GT-Previsão Hidrometeorológica (CT-MH). A reunião ocorreu por meio de videoconferência e contou com a participação de membros e ouvintes da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico, responsável pelo referido Grupo de Trabalho.
O encontro teve início com a apresentação de Jorge Antonio Mercanti (Ciesp DR-Campinas), que elogiou os prognósticos realizados pelo Simepar. “Nessa mais recente onda de frio o Simepar está de parabéns pois acertou com precisão a queda considerável na temperatura que verificamos desde a semana passada. O Simepar se diferencia de outros institutos visto que muitos anunciavam chuvas para este período, o que não ocorreu”, disse. Mercanti, então, apresentou dados da meteorologia para os próximos dias. “Existe a previsão de chuva perto de 30 de maio e 2 de junho. Mapas apontam que a temperatura está abaixo da média climatológica, indicando a presença do La Niña. E para os próximos meses continua tendência da persistência do mesmo fenômeno até dezembro. Para junho, julho e agosto não há previsão de altos volumes de chuva. Chuva esta que vem apenas a partir de setembro, outubro e novembro para a nossa região”, afirmou.
Com relação ao volume pluviométrico no Rio Jaguari, no posto situado à rodovia SP-322, a média climatológica anual é de 1.377mm, sendo que em 2014, no auge da crise hídrica o índice atingido foi de 1.022mm. Por sua vez, o acumulado entre junho de 2021 e maio de 2022, ficou em 983mm. A precipitação pluviométrica média em outros 10 pluviômetros da região também entre junho de 2021 e maio de 2022 ficou em 1.007mm. No Sistema Cantareira a média climatológica anual é de 1.543mm. Em 2014, no pico da estiagem o volume de chuva ficou em 964mm. Agora, entre junho de 2021 e maio de 2022 o volume ficou em 1.093mm. De acordo com a Sabesp, o nível dos reservatórios da Grande São Paulo, sem a reserva técnica são os seguintes: Cantareira 981 hm³; Alto Tietê 560 hm³; Guarapiranga 171 hm³; Rio Grande 112 hm³; São Lourenço 89 hm³; Alto Cotia 17 hm³; Rio Claro 14 hm³.
Também sobre a La Niña, Marco Jusevicius (Simepar) teceu seus comentários. “. A princípio os modelos mostram que continuaremos com forte predominância de La Niña. Recentemente, comentei na Sala de Crise do Sul, com o pessoal do Semadem, que indicava cenário climático de tendência de seguir com La Niña até o fim do ano. A questão é saber como isso vai modular as chuvas e temperaturas. Temos regularidade acumulada de chuva regularizada. Agora temos que ver para frente. Em são Paulo entramos num período de seca além do que deve. Se estiver entrando um fluxo normal de frentes, a chuva vem, mesmo que em pouco volume. Mas se os sistemas não entrarem, teremos anomalia negativa de seca extrema”, disse.
De acordo com Jusevicius, uma das consequências do La Nina é ter mais entradas de massa de ar com maior frequência e intensidade recuando a temperatura para baixo do normal. “Isso, em grande parte, teve influência do ciclone que se instalou sobre o estado do Rio Grande do Sul. Houve muito vento, frio, sensação térmica baixíssima. Um pouco atípica a forma como esfriou. Tivemos muita advecção de ar frio, mas o centro da frente fria veio depois”, explicou.
Quanto aos índices de reservação de água, Paulo Tinel informou que o Sistema Metropolitano da Grande São Paulo se encontra com 57% de sua capacidade e o Cantareita com 43%. “A Sabesp integra o sistema, mas o que não é integrado e depende do Cantareira, como o Alto da Cotia (Rio Grande da Serra) tá com 85%. Temos Tietê e Guarapiranga na faixa de 75% e 80%. Temos duas represas em construção (Pedreira e Amparo) que estão com as obras em andamento e bem executadas, mas sabemos que em cinco anos vamos conviver com o problema da eutrofização. Estamos estudando via Cetesb e Plano de Bacias a exigir a eliminação dos elementos causadores, mas isso não é tão barato e demanda tecnologia”, disse.
Por fim, José Eduardo Gonçalves (Simepar) comentou as informações da SPI com dados da estação meteorológica da Replan, referente a totalidade do mês de abril. “Os valores negativos representam períodos secos e os positivos os mais úmidos. É uma série que reflete o que realmente vem acontecendo. Em três meses, olhando o histórico desde 1987 até o presente, reflete uma melhora, deixando de ficar negativos. Ao olhar períodos mais longos do passado, seis meses, por exemplo, a influência de 2021 fica mais evidente”, afirmou.