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CT-MH debate baixo nível do Cantareira e gestão do reservatório

Reunião detalha cenário crítico, impactos para o abastecimento e desafios de gestão no período úmido

3 de dezembro de 2025

O baixo nível do Sistema Cantareira — que se encontra na faixa de restrição e registrava 20,5% de sua capacidade no dia 3 de dezembro — foi um dos principais assuntos debatidos durante a 274ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico (CT-MH). O encontro também tratou da gestão do reservatório durante o período úmido, iniciado neste mês, e do balanço da gestão do período seco, realizada pelos Comitês PCJ.

O encontro virtual foi realizado na manhã desta quarta-feira, dia 3 de dezembro, conduzido pelo coordenador da CT-MH, Alexandre Vilella, e contou com a presença do diretor da Agência SP Águas, Anderson Esteves, do especialista em Recursos Hídricos da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) Roberto Carneiro de Morais, e do secretário-executivo dos Comitês PCJ, Denis Herisson da Silva. No total, participaram 35 entidades (85% do total de membros), com 71 pessoas, entre representantes e ouvintes.

Desde 1º de dezembro, a gestão das descargas do Cantareira para as Bacias PCJ deixou de ser feita pelos Comitês PCJ, por meio da CT-MH, e foi assumida pelos órgãos gestores paulista e federal. A partir de janeiro, o Cantareira deverá mudar formalmente para a faixa “especial”, na qual a Sabesp poderá retirar apenas 15,5 m³/s para a Grande São Paulo.

Atualmente, na faixa de restrição, a Sabesp tem retirado até 23 m³/s, além da vazão transposta da Bacia do Rio Paraíba do Sul, de cerca de 7,5 m³/s. Em 2024, no dia 2 de dezembro, a capacidade do Cantareira era de 45% e, em 2023, era de 74,2%. Vilella considerou que a situação está “degradada” este ano. “Os números mostram a severidade do momento”, comentou.

“Quem acompanha no dia a dia, pôde verificar que, em vários momentos ao longo deste semestre e no último mês, a transposição do Paraíba foi acima da fluência natural. Então, vejam a importância dessa obra”, disse o coordenador da CT-MH.

Vilella apresentou ainda um balanço da gestão PCJ durante o período seco – entre junho e novembro. A cada ano, a outorga prevê uma cota de 158,1 bilhões de litros, porém, em 2025, foram utilizados 133,03 bilhões, o que corresponde a 84% do total. A economia, em relação ao ano anterior, foi de 11,45%. Desde 2017, quando a outorga entrou em vigor, a economia realizada pelos Comitês PCJ soma 239 bilhões de litros. “Isso mostra o esforço do PCJ não só este ano, mas desde 2017. Fechamos mais do que abrimos, justamente para preservar o máximo de água”, ressaltou.

O diretor da SP Águas avaliou o cenário atual. “Estamos passando por uma situação muito difícil. A partir do momento em que o Cantareira baixar de 20% e entrar na faixa especial, teremos que estabelecer um diálogo. Os Comitês PCJ têm feito a lição de casa — seja do ponto de vista do usuário, de prestação de serviço, buscando redução de perdas, seja do ponto de vista de vocês(Comitês PCJ), em que há economia, sim. Isso é nítido. Vocês estão preservando a água no reservatório. A Agência está à disposição, quer estabelecer um diálogo e a regra está posta para ser cumprida. Estamos aqui para trabalhar juntos”, afirmou Esteves.

Apresentações

Como ocorre tradicionalmente, além da situação do Cantareira, Vilella apresentou o cenário dos demais mananciais das Bacias PCJ, as condições hidrometeorológicas e ouviu os usuários sobre as ocorrências registradas durante o mês de novembro.

Uma delas foi a mortandade de peixes no Rio Jaguari, em Jaguariúna, em 16 de novembro, de forma rápida e pontual. A Cetesb foi comunicada no dia 19, mas não conseguiu identificar a fonte. Lúcio Lima, da Companhia, reforçou que situações como essa precisam ser comunicadas imediatamente para que seja possível identificar a causa.

Em Campinas, a Sanasa precisou interromper a captação no Rio Atibaia (Valinhos) em duas ocasiões de novembro, por quatro horas, devido à baixa qualidade da água, além de uma terceira interrupção na madrugada de 1º de dezembro. A empresa destacou que a vazão mínima de 10 m³/s é imprescindível para operar adequadamente. Em 1º de dezembro, às 8h20, o rio registrava vazão inferior a 9 m³/s.

Em Piracicaba e Rio Claro, foram registrados problemas de coloração esverdeada da água, causados por cianobactérias, nos dias 23, 24, 28 e 29 de novembro. No entanto, no Semae Piracicaba, não houve comprometimento do tratamento por turbidez. Análises da água bruta identificaram toxicidade, mas a potabilidade da água tratada foi confirmada.

Em Sumaré, a BRK também registrou eventos pontuais devido às baixas vazões e à concentração de nitrogênio amoniacal. Foi necessário interromper a captação nos dias 18 (10h às 12h) e 19 (5h às 8h), o que impactou o abastecimento de aproximadamente 70% do município. “Trabalhamos fortemente para que isso não volte a ocorrer, mas é um esforço que depende de todos”, observou Lúcio Lima.

A reunião contou ainda com a apresentação do coordenador do GT-Previsão do Tempo, Jorge Mercante, sobre as previsões meteorológicas, e da engenheira Karoline Dantas, da Sala de Situação PCJ, com dados referentes às chuvas e vazões de novembro/2025 e perspectivas para os próximos meses. Um dos destaques foi que 20 das 26 estações climatológicas registraram chuva abaixo da média histórica; e as vazões da maioria dos rios também ficaram abaixo da média.

Próxima reunião

A primeira reunião de 2026 da CT-MH está agendada para o dia 14 de janeiro, a partir das 9h, por videoconferência.

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