Estudo já mapeou 21 áreas úmidas na bacia do Corumbataí, e deve expandir o mapeamento para toda a depressão periférica
27 de agosto de 2025
Essenciais para o ciclo da água e para a manutenção de ecossistemas, as áreas úmidas foram tema principal da 8ª reunião ordinária da Câmara Técnica de Conservação e Proteção dos Mananciais (CT-Mananciais), realizada em 27 de agosto, por videoconferência. Nela, a Profa. Dra. Vania Rosolen apresentou o estudo “Pequenas áreas úmidas geograficamente isoladas (AUGIs) na Depressão Periférica Paulista: inventário, dinâmica biogeoquímica e reconstituição paleoambiental”, vinculado à Fapesp.
A pesquisadora explicou que essas áreas, conhecidas popularmente como brejos, são cruciais para a conservação de recursos hídricos e para a biodiversidade, mas são pouco conhecidas e valorizadas. Elas estão desconectadas de outros corpos hídricos superficiais e se localizam nos interflúvios das bacias hidrográficas. Funcionam como reservatórios superficiais que contribuem para a recarga de aquíferos, regulando a vazão e aumentando a segurança hídrica. Também atuam no estoque de carbono, ajudam a regular a emissão de gases de efeito estufa, atraem aves e podem servir como fonte de água e proteína para populações locais.
Elencou também os desafios científicos e metodológicos do projeto, como o inventário dessas pequenas áreas em meio a paisagens já alteradas pela ação humana. Outros pontos críticos são a compreensão da hidrologia e da dinâmica biogeoquímica, a definição de um modelo de gênese e reconstituição paleoambiental e a inclusão dessas áreas em planos de gestão de bacias, de água e de biodiversidade.
Chamou a atenção para a degradação dessas áreas pela agricultura e explicou que a situação das áreas úmidas mostra que alguns municípios da bacia do Corumbataí não conseguem aplicar os princípios da boa governança, colocando essas áreas em risco de degradação. A pesquisadora ressaltou que, se degradadas, essas áreas podem liberar gases de efeito estufa para a atmosfera, em vez de atuar como sumidouros de carbono e destacou a importância de transformar os resultados científicos em políticas públicas para a gestão da água e conservação dessas áreas.
Vania Silvia Rosolen mencionou um avanço significativo: a inclusão dessas áreas úmidas na tipologia do Inventário das Áreas Úmidas Brasileiras, publicado em 2024 pela Comissão Nacional de Áreas Úmidas e o desafio é inserir as AUGIs em um plano regional de governança ambiental visando sua conservação.
Segundo Vania, é essencial articular os resultados das pesquisas com diferentes esferas de decisão, de forma que se revertam em políticas públicas. “Nós somos financiados com recursos públicos e queremos devolver esse investimento à sociedade, por meio de ações que contribuam para a conservação das áreas úmidas, a segurança hídrica, a biodiversidade e a mitigação das mudanças climáticas”, afirmou.
O coordenador da CT-Mananciais, João José Demarchi, reforçou a importância de transformar esses trabalhos científicos em políticas públicas concretas, especialmente para atualizar os instrumentos de gestão dos Comitês PCJ. Para ele, a preservação das áreas úmidas é essencial para a recarga de aquíferos e deve ser incorporada à política de mananciais.
Capacitação PMMA/Cerrado – Relatório Final
Também foi apresentado o relatório final da Capacitação PMMA/Cerrado, conduzida pela Tractell Engineering. A iniciativa teve como objetivo promover a construção participativa, o envolvimento dos municípios e a integração dos PMMAs com outras políticas públicas. Foram detalhadas as etapas prévias à contratação, a estrutura da capacitação — que somou 116 horas, divididas em cinco módulos, sendo dois presenciais e três remotos — além de um balanço geral com destaques e desafios.
Ainda na reunião a equipe da secretaria executiva apresentou as orientações quanto ao cronograma para a elaboração dos Planos de Trabalho para o biênio 2026-2027, dentro das categorias: demandas da secretaria executiva, temas para discussão e eventos.
A 9ª Reunião Ordinária da CT-Mananciais será realizada em 22 de outubro, às 9h30, em Jaguariúna, de forma presencial.