Segundo mês do período seco apresentou dificuldades nas operações de alguns municípios
5 de agosto de 2025
Ocorrências relacionadas à captação de água em alguns municípios que enfrentaram dificuldades operacionais durante o mês de julho foram alguns dos principais temas debatidos durante a 270ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico, realizada nesta terça-feira, dia 5 de agosto, por videoconferência.
O encontro, primeiro do mandato 2025-2027, foi conduzido pelo segundo coordenador-adjunto da CT-MH, Luis Filipe Rodrigues, que iniciou convidando os cerca de 70 participantes a se apresentarem. Em seguida, Rodrigues destacou a reunião do GT-Integração, grupo da CT-PL com as coordenações de todas as CTs, realizada em 31 de julho, cujo tema principal foi o Plano de Trabalho para os próximos dois anos de cada câmara técnica. O documento deverá ser construído pelos membros e entregue até 31 de outubro para a Secretaria Executiva.
As ocorrências registradas por alguns municípios em julho, segundo mês do período seco, foram apresentadas por membros da CT-MH durante a apresentação feita por Rodrigues sobre a situação dos mananciais das Bacias PCJ e Sistema Cantareira, além das condições hidrometeorológicas. O segundo coordenador-adjunto falou sobre as vazões dos principais rios das Bacias PCJ.
Uma das ocorrências mais relevantes foi relatada por Késia de Paula Teixeira, da BRK Sumaré, que comunicou a CT-MH, por ofício, sobre o aumento das concentrações de nitrogênio amoniacal no Rio Atibaia. A baixa vazão do manancial contribuiu para a elevação dos picos dessa substância no ponto de captação do município no Rio Atibaia. O problema ocorreu em diversos dias entre junho e julho. No dia 26 de julho, o pico ficou acima de 18 miligramas por litro e a captação teve que ser interrompida por 11 horas, o que causou um desabastecimento de 70% do município. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) foi acionada e está investigando o caso e tomando as providências necessárias.
Em junho, foram 2.44mg/L de concentração. No dia 5 de agosto, eram 2.93 mg/l. Segundo a técnica, o problema faz parte da rotina operacional e o tratamento da água é reforçado com o aumento da dosagem de cloro. A empresa também fará monitoramento preventivo. “O que a gente tem observado é quando chove na bacia isso tem acontecido”, comentou Lúcio Lima, da Cetesb. Ele também ressaltou que muitos sistemas de saneamento foram concebidos há mais de duas décadas, o que exige investimentos na área.
Lima acrescentou que a Cetesb tem exigido correções sempre que detecta deficiências nos sistemas de saneamento. Segundo ele, o funcionamento da ETE Anhumas, em Campinas, contribuirá significativamente para a redução da carga de contaminação, com uso de tecnologias de tratamento terciário. Adriana Salvaia Guimarães Alves, gerente da Cetesb em Americana, também destacou as ações da companhia, especialmente na investigação de lançamentos de esgotos irregulares.
Vicente Guilo, secretário de Serviços Urbanos de Hortolândia, informou que prepara um relatório para a Cetesb sobre ocupações e lançamentos no Ribeirão Jacuba, afluente do Rio Atibaia. Já Ricardo Abdo, da Prefeitura de Jaguariúna, comentou que duas chuvas recentes ajudaram na captação no Rio Jaguari. “Por enquanto, está tudo sob controle. Espero que as chuvas voltem logo”, disse.
Leandro Peccin, do DAE de Americana, relatou aumento na ocorrência de algas na represa do Salto Grande, dificultando o tratamento, mas garantiu que a operação segue sob controle. Ivan Canale, do Semae Piracicaba, informou aumento anormal de concentração de amônia no Rio Corumbataí no final de julho — de menos de 0,5 mg/L para 2,8 mg/L — além da queda do oxigênio dissolvido, prejudicando o tratamento da água. “Neste início de agosto, felizmente a situação voltou ao normal”, declarou. Ele destacou os altos gastos com oxidantes e cloro em 2024 e 2025. Ivanio Alves, da Sanasa Campinas, relatou uma paralisação de três horas na captação e mortandade de peixes no Rio Atibaia, registrada em julho.
Rodrigues reforçou a necessidade de aumentar a vazão do Sistema Cantareira para as Bacias PCJ durante o período de estiagem, para mitigar os efeitos mencionados. Ele também pediu que os membros comuniquem sempre as ocorrências à CT-MH. “Estamos aqui para ajudar e colaborar com todos. Estamos à disposição”, destacou. Em relação ao Cantareira, informou que no dia 4 de agosto, a capacidade dos reservatórios era de 40,4% (estado de atenção), ante 61,6% em 2024 e 78,2% em 2023.
Apesar da redução, Rodrigues avaliou que a situação ainda é confortável em comparação a 2021 e 2014. Roberto Morais, da ANA(Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), alertou que o Cantareira deverá entrar em estado de alerta em setembro, com preocupação sobre possível atraso do período úmido. “Precisamos ficar bem atentos”, afirmou.
Os membros da CT-MH deliberaram pelo aumento das vazões do Cantareira para as Bacias PCJ: no Rio Cachoeira, de 4,5 para 5 m³/s; na represa Jaguari/Jacareí, de 0,25 para 0,50 m³/s; e no Rio Atibainha, de 2,5 para 3,0 m³/s. O monitoramento é realizado 24 horas por dia.
Apresentações e novos membros
Durante a reunião, também foram realizadas apresentações da Sala de Situação PCJ, com Cátia Andersen Casagrande, que falou sobre o balanço do período úmido, chuvas e vazões de julho e perspectivas para os próximos meses; e das previsões meteorológicas, feitas por Jorge Mercanti, coordenador do GT-Previsão do Tempo, e Marco Josevicius, do Simepar. “A chance de chuvas até o dia 19 é muito baixa. Agosto é o mês com menor índice de precipitação pluviométrica. Deve fazer jus à fama”, observou Mercanti.
A CT-MH também aprovou a entrada de dois novos membros: a DAEV S.A.(Valinhos), representada por Rodrigo Basso (titular) e Cláudia Helena Mayer Cristofoli (suplente); e a empresa Suzano S.A., com Jonas Vitti (titular), Ana Paula Martins e Bianca Cristina Francischinelli da Silveira (suplentes).
Próxima reunião
O coordenador-adjunto da CT-MH, Paulo Tinel, agradeceu a participação de todos na primeira reunião do novo mandato. “Espero que os mais novos tenham gostado. Se tiverem sugestões para melhorar nossas reuniões, elas serão bem-vindas”, afirmou.
A próxima reunião da CT-MH, 271ª ordinária, está agendada para o dia 3 de setembro, a partir das 9h30, de forma presencial, em Jundiaí (SP). O local ainda será definido.