Temas foram debatidos na 112ª Reunião Ordinária, realizada por videoconferência
22 de abril de 2025
A 112ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Saúde Ambiental, realizada em 22 de abril, por videoconferência, abordou a contaminação ambiental por necrochorume e o papel da vigilância sanitária na qualidade da água de abastecimento de sistemas alternativos. Os assuntos foram apresentados, respectivamente, pela profa. Dra. Maria Aparecida Marin Morales, do Departamento de Biologia Geral e Aplicada do Instituto de Biociência da Unesp Rio Claro e pela tecnóloga da Vigilância Sanitária de Limeira, Eloisa Maria dos Reis dos Santos.
Maria Aparecida apresentou um histórico, características e os desafios de lidar com a contaminação por necrochorume, que apesar de não ser visível aos olhos, é bastante prejudicial ao solo.
A Dra. explicou que esse tipo de contaminação teve origem na idade média, época em que os corpos ainda eram sepultados dentro das igrejas. Com a incidência de epidemias viu-se a necessidade de transferir essa prática para lugares distantes e, posteriormente, com o crescimento das cidades os cemitérios passaram a ser reintegrados nos centros urbanos. Essa reintegração, aliada ao aumento das atividades antrópicas, ou seja, feitas pelas pessoas, como atividades agrícolas, industriais e urbanas resultou em um aumento da contaminação.
O necrochorume, como explicou Maria, é um líquido caracterizado por compostos orgânicos de odor desagradável derivado das aminas biogênicas — cadaverina (CAD) e putrescina (PUT) —, além de sais minerais, formaldeídos e metanol (embalsamento), metais pesados (adereços, urnas, próteses), grande quantidade de vírus e bactérias e resíduos hospitalares e fármacos.
As aminas biogênicas compõem 10% do corpo humano e são importantes para atividades do metabolismo celular (microorganismos, plantas e animais) como atividade cerebral, regulação da temperatura, regulação do pH, respostas imunes, crescimento, diferenciação celular, além de possuírem sítios nucleofílicos que se ligam com ácidos nucléicos, lipídios e proteínas. Porém, quando encontradas em concentrações fisiologicamente elevadas, tornam-se reativas, originando as nitrosaminas (carcinógenos).
A toxicologia do necrochorume ganhou mais visibilidade durante a pandemia, devido ao aumento significativo da substância. O tema vem sendo amplamente estudado na Unesp Rio Claro. Maria apresentou exemplos, como um experimento de inumação de carcaça suína. Outros estudos em andamento avaliam a toxicidade dos solos, o uso de agentes naturais no processo de decomposição e os efeitos genotóxicos por meio de ensaios moleculares e bioquímicos. Mas, apesar disso, Maria ressalta que a geração de conhecimento e dados sobre o potencial poluidor de cemitérios ainda é necessária. Também salientou a necessidade de melhorias e ações para mitigar esses efeitos, como por exemplo, a preocupação em manter uma boa umidade do solo.
Membros do grupo compartilharam da opinião de que os cemitérios ainda são áreas muito negligenciadas e ressaltaram a importância de classificá-los como áreas contaminadas nas resoluções de conselhos oficiais, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Outro assunto abordado na reunião foi o papel da vigilância sanitária na qualidade de água de abastecimento de sistemas alternativos. Na ocasião, a tecnóloga Eloisa Maria dos Reis dos Santos, da Vigilância Sanitária de Limeira, apresentou a atuação de rotina da Vigilância Sanitária de Limeira nas ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano nos sistemas de abastecimento privados, os quais contemplam as soluções alternativas coletivas.
“O objetivo foi contextualizar o cenário e a complexidade encontrada nestes abastecimentos no território, destacando o uso de produtos impróprios para a desinfecção da água, e as contaminações antrópicas e naturais que podem alterar a qualidade da água. Assim como apresentar as ações realizadas visando ampliar as ações de monitoramento como o programa Visagua, e de educação, como os encontros técnicos anuais, que têm contribuído para ampliar as discussões e o compartilhamento de informações sobre os sistemas de abastecimento”, detalhou Eloisa.
A tecnóloga também apresentou legislações relacionadas a Saúde Ambiental e a Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) com o objetivo de explicar a organização estrutural da vigilância em saúde, que dispõe sobre as ações de saúde, saneamento e ambiente e que conta com programas específicos. A tecnóloga também apresentou legislações relacionadas a Saúde Ambiental e a Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) com o objetivo de explicar a organização estrutural da vigilância em saúde, que dispõe sobre as ações de saúde, saneamento e ambiente e que conta com programas específicos, além de apresentar o programa Visagua — Programa Municipal de Vigilância da Qualidade da Água de Limeira —, que foi apresentado no 13º Seminário Paulista Água e Saúde – SAS e premiado com o 13º Prêmio David Capistrano, em 2024, na 20ª Mostra de Experiências Exitosas dos Municípios, do 37º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo.
“Apresentar as ações de saúde ambiental na CT-SAM foi importante para trazer mais visibilidade às ações executadas pela saúde e também da Divisão de Vigilância Sanitária — Visa Limeira — no território, que estão diretamente relacionadas com as atribuições da CT-SAM, aproximando mais a saúde das discussões”, avaliou Eloisa.
Na reunião também foi aberto o convite para a entrada de novos integrantes para compor a comissão organizadora do Seminário de Saúde Ambiental que ocorrerá em 20 de outubro de 2025.
A 113ª Reunião Ordinária da CT-SAM está agendada para 24 de junho, às 9h30, de forma presencial, na Faculdade de Tecnologia da Unicamp, em Limeira (SP).