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Redes Técnicas Ambientais: um caminho para integrar sustentabilidade e qualidade de vida

Tema foi apresentado pela arquiteta urbanista Graziella Demantova na 113ª Reunião da CT-OL

21 de fevereiro de 2025

A 113ª Reunião da Câmara Técnica de Outorgas e Licenças (CT-OL) foi realizada no dia 21 de fevereiro de 2025, por videoconferência, e dividida em dois blocos. No primeiro, a coordenadora da CT-OL, Cecília Aranha, apresentou as expectativas para o ano, destacando 2025 como um período estratégico para fortalecer a confiança no sistema de recursos hídricos e aprimorar os pontos fortes da Câmara Técnica em âmbito regional.

Cecília reforçou a importância da união e do engajamento dos membros, especialmente neste momento de revisão do Plano. Durante a reunião, Giorgio Di Rito, membro da CT-OL, trouxe à tona a preocupação com a qualidade do rio Jundiaí, ressaltando a necessidade da adesão dos municípios ao programa Rios Vivos como alternativa para a recuperação de corpos d’água na região. Também foram apresentadas atualizações sobre os temas em discussão na câmara, com atualização dos que estão em andamento e os que foram concluídos. 

Redes Técnicas Ambientais e Serviços Ecossistêmicos

A segunda parte da reunião foi dedicada à apresentação da tese de doutorado “Redes Técnicas Ambientais e a Oferta de Serviços Ecossistêmicos”, da arquiteta urbanista Graziella Demantova, defendida em 2009 na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O estudo investiga como a estruturação das redes técnicas ambientais pode contribuir para a sustentabilidade urbana, equilibrando bem-estar humano e preservação ambiental.

“Como urbanista, sempre me questionei por que não conseguimos integrar a preservação da natureza às atividades urbanas. Na minha tese, percebi que isso é possível quando enxergamos as cidades como grandes redes técnicas, que conectam os fixos (infraestruturas construídas) aos fluxos (as interações e dinâmicas entre esses elementos). Isso nos ajuda a pensar formas de melhorar a qualidade ambiental e de vida nas cidades”, explicou Graziella.

A pesquisadora utilizou dados coletados entre 2002 e 2006 na bacia do ribeirão das Anhumas, em Campinas, no âmbito de um projeto temático da FAPESP/IAC/UNICAMP/PMC. No estudo, ela mapeou as redes técnicas ambientais existentes, analisando como os espaços verdes urbanos fornecem serviços ambientais e podem ser melhor integrados à dinâmica urbana.

Em sua apresentação, Graziella detalhou conceitos essenciais para a sustentabilidade urbana:

  • Sustentabilidade urbana: a integração entre bem-estar humano e preservação ambiental.
  • Espaço urbano: a necessidade de enxergar além dos elementos físicos, compreendendo as interações que ocorrem no território.
  • Redes técnicas, segundo Milton Santos: sistemas compostos por fixos (infraestruturas) e fluxos (movimentação de matéria, serviços e informações).

No contexto dos recursos hídricos, os fixos incluem estações de captação, distribuição, monitoramento e emissão de efluentes, enquanto os fluxos correspondem ao deslocamento de água, energia, informações e serviços na rede.

Graziella também citou exemplos de redes técnicas, como redes de energia, informática, saneamento, telecomunicações e habitação. Seu foco foi nos serviços ecossistêmicos, avaliando os impactos das transformações ambientais sobre o bem-estar humano e propondo formas de integrar infraestrutura urbana e natureza.

Ela exemplificou soluções para cidades mais sustentáveis, como jardins de chuva, passagens verdes, parkways e hortas urbanas, que ajudam a mitigar impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida.

Mapeamento da rede técnica ambiental do Ribeirão das Anhumas

Em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Graziella analisou a rede técnica ambiental da bacia do Anhumas, identificando áreas de vegetação (fixos) e os fluxos de informação sobre elas. O objetivo foi entender como os serviços ecossistêmicos estavam sendo ofertados na região e propor estratégias para potencializar seus benefícios.

“A sustentabilidade exige uma simbiose entre qualidade de vida, bem-estar e preservação. Não podemos mais pensar na natureza como algo intocável. A vida é dinâmica, e precisamos compatibilizar o uso urbano com a conservação ambiental, reduzindo e mitigando impactos”, destacou Graziella.

O estudo resultou no livro “Redes Técnicas Ambientais: Diversidade e Conexão entre Pessoas e Lugares”, disponível no repositório da UNICAMP.

A 114ª Reunião Ordinária da CT-OL será realizada no dia 11 de abril, às 9h30, de forma presencial, na cidade de Jaguariúna/SP.

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