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CT-MH analisa volume disponível do Cantareira às Bacias PCJ até 30 de novembro

No encontro deste mês de outubro também foram feitos vários relatos de estiagem nos municípios

03 de outubro de 2024

Nesta quinta-feira, dia 3 de outubro, os membros da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico debateram cenários e simulações e fizeram uma avaliação sobre volume disponível do Sistema Cantareira às Bacias PCJ até o dia 30 de novembro, no final do período seco de 2024. A atividade foi um dos itens de pauta da 259ª Reunião Ordinária da CT-MH, comandada pelo coordenador Alexandre Vilella.

O total disponível do Cantareira para a região é de 158 bilhões de litros de água, entre junho e novembro. Desde 1º de junho até o dia 2 de outubro, os Comitês PCJ deliberaram a vazão de 108,65 bilhões de litros para as Bacias PCJ, o que equivale a 69% do volume disponível. Faltam 59 dias até 30 de novembro. O volume atual disponível é de 49,45 bilhões de litros, ou seja 31%. Se não chover nada neste período, seriam necessários até 12 bilhões de litros adicionais ou iniciar 12 dias antes o período úmido.

Vilella explicou que a CT-MH vai esperar até 20 de outubro para analisar melhor a situação e definir com a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e SP Águas (antigo DAEE) que medidas externas adicionais serão necessárias. Em 3 de outubro, o Cantareira estava em estado de atenção, com 50,4% do seu volume útil. Na mesma data em 2023, o volume útil estava em 67,8%.

No encontro virtual, os participantes também decidiram quanto à deliberação sobre as vazões a serem descarregadas do Cantareira às Bacias PCJ em atendimento às resoluções conjuntas ANA/DAEE nº 925 e 926/2017.  Os membros da CT-MH decidiram manter a vazão atual de 5,5 metros cúbicos por segundo no Reservatório Cachoeira; aumentar de 4,5 para 5 metros cúbicos no Reservatório Atibainha e de 2,5 para 2,75 metros cúbicos no Reservatório Jaguari e Jacareí.

Os membros da CT-MH também debateram sobre a situação dos mananciais das Bacias PCJ, Sistema Cantareira, informações dos usuários e das condições hidrometeorológicas, além de relatarem diversas ocorrências registradas no mês de setembro.

Um dos relatos foi de Ivan Canale, do Semae de Piracicaba, que disse nunca ter visto uma situação semelhante, na qual está tendo muito mais gastos com produtos para tratar a água. “Está saindo totalmente fora das nossas previsões”, comentou, esclarecendo que o Semae tem restringido a captação por causa da baixa vazão e qualidade da água.

Ricardo Abdo, da Prefeitura de Jaguariúna, ressaltou que as vazões no Rio Jaguari estão alarmantes e que o monitoramento da captação está sendo realizado ‘in loco’ diariamente. “Claramente é uma situação muito crítica, mas ainda não tivemos problemas com captação a fio d’água”, disse. “Não sei se é estado de emergência, mas no mínimo um estado de alerta bastante alto permanece aqui em Jaguariúna. A paisagem do rio está bastante aflitiva para nós da cidade”, completou.

“Replico as palavras do Ivan e do Ricardo”, afirmou Erick Krambeck, da BRK Limeira, que fez uma apresentação sobre o histórico de chuvas no município de 2013 a 2024. De janeiro a setembro deste ano, choveu quase 50% a menos que o mesmo período do ano passado. Atualmente, o Rio Jaguari, em Limeira, está com vazão de 2 metros cúbicos por segundo. “É muito crítico e alarmante”, avaliou.

Vagner Pancini, da BRK Sumaré, informou que a empresa teve que parar a captação entre os dias 20 e 21 setembro, por causa de diversas alterações na qualidade da água no Rio Atibaia. “Nos últimos dias, estamos tendo bastante trabalho para manter a operação”, observou. Thaís Martins, do SAAE Atibaia, informou que, no dia 9 de setembro, a Prefeitura decretou estado de emergência hídrica no município e que o SAAE está estudando uma captação alternativa no Rio Atibaia. “E esperando a chuva”, acrescentou.  

Luís Garcia, da Sanasa Campinas, contou que a captação do Rio Atibaia sofreu duas paradas no dia 20, por mais de sete horas devido à má qualidade da água. Mateus Arantes, da Prefeitura de Louveira, informou que há problemas com a qualidade de água no Rio Capivari em seu trecho completo. “Sem condições de captar”, lamentou.

No encontro, Karoline Dantas, da Sala de Situação PCJ, apresentou os  produtos disponíveis, chuvas/vazões em setembro/2024 e perspectivas para os próximos meses. Segundo ela, em setembro, as chuvas foram abaixo da média história e houve 29 dias sem chuvas. Ela também informou que as vazões médias da maioria dos rios das Bacias PCJ ficaram abaixo da média histórica.

O coordenador do GT-Previsão do Tempo, Jorge Mercanti, que também é coordenador da CT-Indústria, apresentou dados da previsão meteorológica para a região, com chuvas abaixo da média em outubro, novembro e dezembro.  A convite de Mercanti, José Eduardo Gonçalves, da Simepar, apresentou uma série histórica de chuvas da Esalq-USP com acumulados mensais de 1917 a 2023.

As principais conclusões deste estudo são a de que, nos últimos 106 anos, 55% dos meses (principalmente de abril a setembro) têm chuva acumulada menor que a média da série histórica; não há alterações estatisticamente significativas na tendência e nas métricas estatísticas da chuva acumulada na estação Esalq nos últimos 30 anos; e nas últimas duas décadas (2003-2023) há mais anos secos em comparação ao intervalo 1993-2002.

Vilella comentou que a CT-MH deverá convidar o professor Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp, para fazer uma apresentação sobre o tema. “Tudo pode acontecer. (O cenário) pode ser pior ou melhor. Então, quanto mais visões a gente ouvir, quanto mais elementos a gente tiver, acho que subsidia nós aqui dos Comitês, naturalmente da CT-MH, a tomarmos a decisão. Nós não somos juízes para dizer quem está certo, quem está errado. O que nós queremos mesmo é quanto mais opiniões possíveis, claro que com racionalidade e metodologia, que a gente possa não gerar nenhum tipo de alarme desnecessário quanto também ofuscar uma situação que é real e dizer que está tudo bem”, ponderou.

A próxima reunião da CT-MH (260ª ordinária) será no dia 13 de novembro, a partir das 9h30, no Museu da Água de Indaiatuba (SP).

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