Apresentação foi realizada pela doutora Ana Silvia Pereira Santos, presidente do Instituto Reúso de Água
07 de fevereiro de 2024
“O estado da arte do reúso de água no Brasil e nos demais países” foi o tema de palestra proferida durante a 96ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Uso e Conservação da Água na Indústria (CT-Indústria), realizada nesta quarta-feira, dia 7 de fevereiro, por meio de videoconferência.
A palestrante foi a doutora em Engenharia Civil Ana Silvia Pereira Santos, fundadora e presidente do Instituto Reúso de Água e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade de Braga, em Portugal. Ana Silvia falou sobre o reúso de água no mundo e no Brasil, contou sobre a história e as ações do Instituto Reúso de Água e sobre os desafios e oportunidades nessa área. A entidade trabalha na produção, gestão e compartilhamento de conteúdo relacionado ao reúso de água, com foco em ações educacionais, científicas e técnicas.
“A nossa missão nasceu de um objetivo, talvez audacioso, de participar ativamente do processo de transformação da sociedade em relação ao reúso da água, considerando todos os atores, desde os técnicos, gestores e tomadores de decisão, diretamente envolvidos com o tema, até a sociedade civil com participação direta ou indireta nas ações que dizem respeito ao assunto”, ressaltou Ana Silvia. “A água é uma só e a gente precisa de uma gestão integrada”, comentou.
Ela se colocou à disposição para firmar parcerias e tirou dúvidas dos participantes. “Dentro desse contexto que vocês estão falando, sobre questões de falta de água, das secas cada vez mais presentes, mudanças climáticas… a gente não tem como andar para a frente sem pensar nas possibilidades de reutilização de água para garantir a segurança hídrica, principalmente em algumas bacias que estão em situação mais grave no país, não necessariamente por falta de água, mas talvez por excesso de demanda ou poluição hídrica”, explicou Ana Sílvia.
No encontro, os membros também aprovaram o Plano de Trabalho da CT-Indústria para 2024 e 2025. Entre os temas escolhidos para discussão neste período estão as alternativas para suprimento de água (Plano das Bacias PCJ); reúso direto não potável; mudanças climáticas, impactos na gestão hídrica e planos de adaptação/contingência; acesso aos recursos da cobrança na forma reembolsável pelo setor privado; e boas práticas de conservação e uso racional da água no setor usuário.
Na reunião, houve ainda um breve relato da situação do Sistema Cantareira e Bacias PCJ, feito pelo coordenador da CT-Indústria, Jorge Mercanti. Ele iniciou a apresentação com dados da precipitação pluviométrica no posto de monitoramento da Replan em Paulínia (SP). Em janeiro deste ano, foram 131 milímetros, menos da metade da média histórica, que é de 268 mm.
Já no Cantareira, a precipitação em janeiro de 2024 foi de 274 mm, pouco acima da média histórica que é de 263 mm. O Sistema fechou o mês com 74% do volume útil. Segundo Mercanti, um quarto dos municípios das Bacias PCJ depende do Cantareira. “Os demais dependem da chuva local”, explicou. O coordenador da CT-Indústria também falou sobre a previsão climática para fevereiro, março e abril nas Bacias PCJ e no Brasil. Segundo ele, as temperaturas estão acima da média climatológica. “O El Ninho prevalece, mas aparentemente está enfraquecendo”, comentou, afirmando que “pode ser que volte o La Ninha a partir de abril”.
O grupo também aprovou o ingresso de um novo membro na CT-Indústria: a empresa Ypê (unidade de Salto-SP), representada por Lucas Tafner Mazolini (titular) e Helmut Werner Forster (suplente). O encontro ainda contou com uma apresentação do coordenador financeiro da Agência PCJ, Tony Segatto, que fez considerações quanto à participação e custeio de membros dos Comitês PCJ em reuniões e eventos.
Houve também a participação dos diretores da Agência das Bacias PCJ, Ivens de Oliveira (administrativo e financeiro) e Patrícia Barufaldi (técnica). Ivens destacou projetos em execução em 2023, quando ocorreu a retomada do ritmo das contratações da Agência. Ele citou a nova contratação do Simepar, para emissão de boletins com previsão hidrometeorológica, importante instrumento para a CT-MH, e que ajuda também a CT-Indústria, contribuindo para a tomada de decisão no âmbito das Bacias PCJ.
O diretor falou sobre a contratação da FCTH para a manutenção e atualização contínua do SSD(Sistema de Suporte à Decisão) e sobre a nova contratação dos serviços da rede quantitativa e qualitativa de monitoramento das Bacias PCJ, fundamentais também para tomadas de decisão. “Foi um importante aporte financeiro”, destacou Ivens. Segundo ele, em 2023 foram contratados R$ 25 milhões para investimentos em diversas áreas da gestão dos recursos hídricos e desembolsado quase o mesmo valor. “O ano de 2024 promete ainda mais”, comentou. O volume deverá ser ainda mais expressivo neste ano, com expectativa de R$ 35 a 40 milhões de desembolso.