Realizada em Jundiaí, atividade foi a primeira após mais de dois anos de reuniões apenas por videoconferência
07 de novembro de 2022
Marcando o retorno das reuniões presenciais das Câmaras Técnicas dos Comitês PCJ, foi realizada na manhã de segunda-feira, 07 de novembro, no auditório do Parque da Cidade de Jundiaí, a 235ª Reunião ordinária da CT-MH (Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico) dos Comitês PCJ. Durante a reunião foram apresentados os dados da situação dos mananciais das Bacias PCJ, dados das chuvas recentes e perspectivas, previsão hidrometeorológicas, bem como o debate sobre o cenário e simulações sobre o volume disponível do Sistema Cantareira e descargas às Bacias PCJ. O encontro também foi marcado por momentos de confraternização entre os membros e convidados, dada a retomada dos encontros presenciais após mais de dois anos apenas com reuniões pelo meio virtual.
O Sistema Cantareira, em 7 de novembro, estava com 32,1% de sua capacidade – estado de alerta – sendo transmitido diariamente 10,75m³/s em direção às bacias PCJ. Há um ano, a título de comparação, o Sistema Cantareira encontrava-se com índice de reservação de 28,45% de sua capacidade total. O saldo disponível anualmente, no período seco é de 158,1 hm³do Sistema Cantareira para as Bacias PCJ. A projeção da Sala de Situação é que a partir de 5/11 até 30/11, este saldo será de 0,61 hm³ disponíveis.
De acordo com Alexandre Vilella, coordenador da CT-MH, o atual momento do ano marca a transição do período seco para o úmido. “Este é o momento em que, pela última vez, decide-se pela descarga do Sistema Cantareira ao PCJ. Ação esta que é realizada sempre olhando pelas 19 cidades que se abastecem das descargas do Sistema Cantareira, mas sem nunca deixar de lado as tantas outras quase 50 que não estão diretamente ligadas ao SC”, disse. O coordenador prosseguiu em sua análise. “No dia 18 de outubro foi levado um pedido em caráter excepcional de um volume adicional caso não seja possível, até 30 de novembro, atender a demanda hídrica dentro dos volumes disponíveis na cota anual. Em meados de outubro a solicitação foi acatada por todas as instâncias responsáveis. Ocorre que, dia 19 de novembro, conforme previsão, acabaria a cota, mas felizmente houve chuvas e o fim da cota disponível que tinha uma projeção bem mais grave, atualmente está com apenas 4 dias de déficit, ou seja, o volume inicialmente disponibilizado acabaria ainda restando quatro dias para encerramento do período úmido”, afirmou.
Vilella ponderou sobre a missão dos Comitês PCJ de fazerem a gestão. “A questão do chove e para representa um desafio para a gestão do Sistema Cantareira. Somado a isso há o tempo de trânsito [da água pelos rios], chuvas isoladas, ou seja, chove em uma área, em outra não. Tudo isso demanda uma grande atenção de nosso time”, disse.
Em sua apresentação Rafael Leite, coordenador da Sala de Situação PCJ, informou que em outubro de 2022, 13 estações de medição registraram acumulados acima ou muito próximos da média histórica. “No âmbito das Bacias PCJ os acumulados de chuvas variaram espacialmente, com registros acima e abaixo da média climatológica (1961-1990). Quanto ao comportamento das chuvas, o coordenador informou que no reservatório Jaguari/Jacareí, em 2002, o índice ficou abaixo da média história, mas acima da década de 1980 a 1989. Na barragem Cachoeira a situação foi semelhante, com chuva de outubro de 2022, abaixo da média histórica e por da década. Na barragem de Atibainha destaque para as chuvas, visto que em outubro de 2022 ficaram acima da década e da média histórica. Por outro lado, o Paiva Castro teve chuvas abaixo da média histórica e por década”, disse.
Durante sua apresentação, Jorge Mercanti (GT-Previsão), informou eu há chance de chuva a partir do dia 13 de novembro na área de abrangência das Bacias PCJ. “Temos um vento vindo do sudeste, que teremos a manutenção do ar frio proveniente do oceano com chuvas fortes a tarde. Nos índices acumulados, de acordo com o CPTEC, teremos chuvas de mais de 60mm em alguns pontos das Bacias PCJ”, disse. A previsão climática indica a prevalência do La Niña até março de 2023, segundo Mercanti. De acordo com a Universidade de Columbia a tendência para o sudeste é de seca no próximo trimestres. Segundo o CPTEC, haverá tendência de chuvas abaixo da média nos próximos três meses. Na sequência Arlan Scortegama, do Simepar, informou os dados do SPI instalado na sede da Replan.
Alexandre Villella prosseguiu com suas considerações. “Partindo do princípio que consumimos cerca de 30% do reservatório por ano, qualquer previsão que indique capacidade próxima a este índice nos acende um sinal de alerta. O que nos salvou este ano foram as chuvas de janeiro nos colocando em uma situação de menor gravidade que anos anteriores. Já gastamos até ontem 87% do que está reservado para as Bacias PCJ e ainda temos 13% do volume disponível para a descarga, conforme outorga. Até o dia 30 de novembro, fim do período seco, portanto 25 dias, colocando um consumo médio de 10m³/dia, nos restariam 1 hm³/dia. Num cenário pessimista, com zero chuva ou chuva abaixo até 30/11, necessitaríamos de 25hm³. Assim, necessitaríamos de 5hm³ adicionais, ou uma saída seria iniciar o período úmido com cinco dias de antecedência. Por isso acompanhamos diariamente esta situação e se houver necessidade, anteciparíamos o encerramento do período seco”, afirmou.
Por fim, houve a deliberação sobre as descargas do Sistema Cantareira em direção às Bacias PCJ. Os volumes continuam os mesmos já aplicados sendo: Cachoeira recebendo 6m³/s; o Atibainha permanecendo com 4,5 m³/s; e os já atuais 0,25 m³/s para o Jaguari/Jacareí. A próxima reunião da CT-MH está agendada para 05 de dezembro, por meio de videoconferência.