Na primeira reunião de 2022, grupo de trabalho debateu ações para enfrentamento da estiagem
25 de maio de 2022
Marcando oficialmente o início do período seco de 2022 quando os Comitês PCJ intensificam suas ações para o enfrentamento da estiagem, foi realizada na quarta-feira, 25 de maio de 2022, a primeira reunião do GT-Estiagem do ano de 2022. Durante o encontro os participantes debateram as previsões da meteorologia, que apontam para chuvas escassas pelo menos até setembro, bem como as medidas a serem adotadas para minimizar os efeitos deletérios do consumo hídrico no período marcado pelo já reduzido volume de água armazenada nas fontes naturais.
Anualmente, nota-se a redução significativa do volume do Sistema Cantareira que apresenta em maio, início da estiagem, os seguintes índices anuais: maio/2019: 57,7%; maio/ 2020: 58,4%; maio 2021: 47,7%; maio 2022: 42,2%. Assim como ocorreu nos quatro anos anteriores, 2022 terá, a partir de 1º de junho, o início do quinto ciclo em que as descargas de água do Sistema Cantareira para as Bacias PCJ é assumido pelos Comitês PCJ. No ciclo 2021/2022 foram descarregados 111,43 hm³.
Alexandre Luis Almeida Vilella (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) iniciou sua fala abordando as ferramentas existentes para monitoramento dos afluentes na região das Bacias PCJ. “Essas ferramentas aproximam os Comitês dos usuários. Notamos que o cidadão e a imprensa acessam a rede telemétrica, nos enviam questionamentos, etc. Isso é um sinal de que as ferramentas dos Comitês estão sendo bem utilizadas”, afirmou. O Sistema Cantareira descarrega hoje 12m³/s no PCJ. Isso garante os mínimos de 5m³/s no Atibainha; 6m³/s no Cachoeira e 1m³/s no Jaguari. Considerando a retirada de 12m³/s, mais os 23m³/s pra região metropolitana de SP, estamos falando de um total de 35m³/s. Isso gera uma queda aproximada de 0,1% a cada dia no índice de reservação – isso sem chuva. Portanto, significa, no Cantareira, especificamente – que abastece até 9,5 milhões de pessoas – consumos em média, de 30% do reservatório. “Se ele tem 41% (de reserva) hoje, indica que chegaremos ao fim do período com 11%. Temos que estar cientes que o que plantarmos em 2022, terá reflexos em 2023. Isso nos coloca bastante reféns das chuvas do próximo ciclo”, disse.
Para dar um contexto de como o período seco se encontra, a reunião contou com uma contextualização sobre as condições hidrometeorológicas e de reservação e previsões para este ano. Tal apresentação foi feita por Isis Franco (Daee/Sala de Situação). “Tivemos dez postos (de medição) que registraram chuva abaixo, na comparação dos ciclos de 2020/2021, com o de 2022. Isso denota que o período úmido de 2020/2021 foi pior. Notamos que a região das Bacias PCJ teve de outubro a dezembro de 2020 anomalia negativa, variando de 50 a 100mm . No período de janeiro a março de 2021, também tivemos anomalia negativa acentuada. De outubro de 2021 a março de 2022 também tivemos anomalias, porém, mais suaves que o primeiro período analisado. Como destaque para o período úmido de 2020 a março de 2021, tivemos anomalias negativas de 6 meses. No período úmido de ou 2021 a março 2022, a ocorrência de anomalias foi observada em três meses”, relatou.
Jorge Mercanti (CT-Previsão) apresentou dados da previsão hidrometeorológica para a região das Bacias PCJ. “Com relação aos fenômenos meteorológicos, neste ano vivenciamos mais uma edição da La Niña que traz outono e inverno maios frios, como temos visto. Junho, julho e agosto teremos chuvas abaixo da média. Apenas para setembro, outubro e novembro teremos as chuvas dentro da normalidade”, explicou.
O Consorcio PCJ tem trabalhado para enfrentamento dos períodos críticos, segundo informou Flávio Forti Stenico, do Consórcio PCJ. “Existe uma série de ações de infraestrutura, gestão e planejamento para que os eventos decorrentes da estiagem sejam minimizados. Fizemos um plantão técnico sobre estiagem e eventos climáticos extremos. E mesmo com a transposição, temos números que não trazem tranquilidade”, disse.
Sergio Razera, diretor presidente da Agência das Bacias PCJ considera oportuno implementar uma mudança a fim de discutir o indicador consumo per capta/dia, ou um volume que chamo de Volume Outorgado per capta. “Porque esse indicador, na nossa região, quando o município pede um aumento na outorga, ainda usa ‘litros por habitante/dia’, e tem muita disparidade. Acima desse indicador não se dá outorga pois está tendo mais água que os demais. Isso seria corrigido com a adoção do indicador de ‘litros por habitante/dia’, pois consegue equiparar a demanda.
AÇÕES DE ENFRENTAMENTO – A pauta prosseguiu com a aprovação do Plano de Trabalho para Enfrentamento da Estiagem 2022. “Ano passado nosso plano tinha 9 ações, e para este pensamos em promover um enxugamento, alinhado com as necessidades de momento a fim de modernizar e dar agilidade aos trabalhos”, disse André Navarro, secretário executivo dos Comitês PCJ.
Desta forma, o Plano ficou da seguinte forma: envolve trabalho de comunicação sobre a estiagem nas Bacias PCJ como atualização do conteúdo do hotsite ‘Movimento PCJ pelo uso eficiente da água’; realização de campanha publicitaria relacionada ao enfrentamento da estiagem; atualização da publicação digital elaborada em 2021, tratando sobre a estiagem e suas características específicas nas Bacias PCJ; atualização do conteúdo de Orientação Técnica para professores, contextualizando sobre as causas da estiagem na região e incentivando para o uso eficiente da água; elaboração de boletins informativos mensais contendo informações: hidrometeorológicas, de acompanhamento sobre impactos da estiagem, e relativas à divulgação de ações institucionais.