Em pauta a situação dos mananciais do Sistema Cantareira e dados de previsões meteorológicas
02 de setembro de 2021
Entre diversos temas relevantes, a situação dos mananciais do Sistema Cantareira e uma análise das condições hidrometeorológicas estiveram entre os temas centrais da 221ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico(CT-MH). O encontro, realizado por videoconferência, ocorreu na manhã de 2 de setembro de 2021.
O primeiro tópico abordado foi a retomada discussão ocorrida em 23 de agosto, quando o Sistema Adutor Regional PCJ (SAR-PCJ) foi debatido em encontro anterior. O SAR-PCJ é um importante projeto de interligação para fornecimento de água para municípios através das barragens Pedreira e Duas Pontes e para municípios com baixa disponibilidade hídrica. O estudo original foi concluído em 2016 e foi organizado pela então Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento, hoje integrada na Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo (SIMA). Foi externada a intenção de realizar uma atualização desse estudo, bem como de discutir a possibilidade de representantes dos Comitês PCJ integrarem o processo de acompanhamento desse estudo que será coordenado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo.
O encontro prosseguiu com o lançamento e disponibilização da primeira edição do Boletim Informativo do Movimento PCJ pelo uso eficiente da água, fruto do trabalho do GT-Estiagem da Câmara Técnica de Planejamento (CT-PL) dos Comitês PCJ. O documento contém atualizações quinzenais sobre as dificuldades quali/quantitativas em captações nas Bacias PCJ e reforçou o convite aos municípios para responderem o formulário de diagnóstico e planejamento anteriormente encaminhado para as empresas de saneamento que operam no território das Bacias PCJ.
Com base em dados telemétricos, foi apresentada aos participantes a situação dos postos telemétricos dos mananciais, do Sistema Cantareira, que informa os dados de vazão nos postos de controle dos Rios Jaguari, Cachoeira e Atibainha, bem como das Bacias PCJ , que até a data eram praticadas descargas de 10,75 m3/s, para se resultar nas metas mínimas nos postos de controle.
O quadro de momento do Sistema Cantareira voltou a pauta Sistema Cantareira quando foram apresentados dados do volume operacional útil do Sistema Equivalente, que era de 37% no início de setembro/2021, abaixo do volume de 47,7% no início de setembro/2020. Foi comunicado que as atuais descargas 10,75 m3/s do Sistema Cantareira para as Bacias PCJ no dia 30/08/2021, conforme Comunicado CT-MH no 15/2021. Com este volume, os usuários devem atentar-se a Faixa 3 de Alerta no tocante à volumes possíveis de captação, o que no caso da SABESP, fica com o limite de até 27 m ³/s, sendo que naquela data o volume transposto era de 23,12 m ³/s.
Diante do cenário, ficou exposta a queda diária do nível do Sistema Cantareira, movimento que deve ser acelerar rapidamente. Esta situação foi ilustrada por meio de um quadro com as vazões médias diárias no período seco 2021, entre os dias 01/06 e 31/08/2021. Assim, tornou-se possível verificar que como as descargas tem-se trabalhado para alcançar o limite dos índices estabelecidos aos pontos de controle requeridos pela outorga do Sistema Cantareira. Com essas ações praticadas e se considerar um cenário de simulação pessimista com a ausência de chuva no período, até o dia 30/11, o volume requerido seria em torno de 80 hm ³ , superior ao volume disponível na data 74 hm³.
Na sequência da reunião, foi destacado que em 2020, já ocorreu a solicitação preventiva e excepcional quanto a necessidade de acréscimo do volume de água disponibilizado para as Bacias PCJ, mas que acabou não sendo necessária por conta de precipitações ocorridas na última quinzena de novembro.
Ao ocupar a palavra, Isis da Silva Franco, representante do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE/SSPCJ), apresentou os dados da Sala de Situação PCJ, com o boletim mensal, obtendo dados de chuva, vazões, gráficos, entre outros. Ela informou que no mês de agosto/2021 nas 17 estações com dados registrados, as chuvas foram abaixo da média em todos os pontos em comparação com a série histórica. Comunicou ainda da ocorrência de apenas um evento significativo de chuva no final do mês de agosto. Ressaltou que em agosto/2021, a normal climatológica não foi superada (período de 1961-1990). A representantes do DAEE ressaltou que houve pequenos registros de chuvas, havendo apenas um dia de ocorrências com mais de 10 mm de precipitação.
PREVISÕES METEREOLÓGICAS E GT – PREVISÃO DO TEMPO
Os dados de registros de chuvas foram apresentados por Jorge Mercanti, representante do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – Diretoria Regional de Campinas (CIESP-DR Campinas). Ele também explanou sobre a análise da situação das evoluções de frentes frias e destacou a não existência de previsão de chuvas para os próximos dias, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE). Prosseguiu mostrando a tabela com a Previsão Hidrológica para as Bacias PCJ no mês de setembro/21. Com base nos mapas e tabelas sem previsão de chuvas, Mercanti apresentou os gráficos de previsão de vazão para os postos de controle, mostrando quanto o sistema fica limitado apenas às vazões liberadas do Sistema Cantareira.
Posteriormente, houve a deliberação sobre as vazões a serem descarregadas do Sistema Cantareira para as bacias PCJ. Diante da ausência de previsão de chuvas significativas para o curto período, os membros do encontro se manifestaram quanto às propostas sobre as vazões a serem liberadas, sendo deliberado pela manutenção das vazões existentes praticadas: 1) Reservatório Cachoeira: 5,5 m³/s; Reservatório Atibainha: 4,25 m ³/s; Reservatório Jaguari/Jacareí: 1,0 m ³/s.
Na ocasião, os participantes foram informados da solicitação da Secretaria Executiva dos Comitês PCJ para apresentação na reunião da CT-MH pelo SAAE de Indaiatuba/SP, quando Roberto Polga e Vanessa Kühl apresentaram a situação do uso dos recursos hídricos a montante do barramento do município de Indaiatuba/SP no Rio Capivari-Mirim. Vanessa comunicou que a barragem tem sofrido com a influência dos usos a montante com alguns usuários como pequenos barramentos, pequenos usuários e irrigantes que não tem liberado o volume correto de água para jusante. Ela salientou que o município tem trabalhado no sentido de aduzir mais água do Rio Jundiaí que demanda maiores custos para tratamento da água. Assim, solicitou à CT-MH o estabelecimento de uma regra operativa para os usuários a montante para atender ao uso prioritário de abastecimento humano, conforme estabelecido nas Políticas de Recursos Hídricos.